O mercado financeiro continua em compasso de espera, à medida que o governo adia o anúncio do pacote de cortes de gastos. Segundo analistas, a demora já chega à quinta semana e causa incertezas. “Quando você tem notícia boa, você conta logo”, destacou Jefferson Laatus, CEO do grupo Laatus, enfatizando que o atraso prejudica ainda mais a confiança.
O Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, teria apresentado as principais propostas para o ajuste fiscal, mas enfrenta resistência política. As medidas, que incluem cortes em áreas sensíveis como saúde e benefícios à indústria, esbarram no receio de desagradar setores importantes. “Não existe ajuste fiscal ou corte de gastos sem desagrado”, apontou Laatus.
Inflação e desancoragem das expectativas
Enquanto o pacote não sai, os indicadores econômicos refletem o impacto da inércia política. O Boletim Focus aponta a inflação acima do teto da meta e uma cotação do dólar próxima de R$ 5,70. Segundo especialistas, sem mudanças estruturais, as expectativas de melhora permanecem fracas.
A desancoragem das expectativas é uma consequência direta da falta de medidas concretas, com o mercado projetando cenários pessimistas. “A percepção positiva já foi comprometida”, disse Laatus, destacando que as expectativas jogaram a confiança “lá embaixo”.
Comparações com cenários internacionais de cortes de gastos
Medidas impopulares adotadas por líderes estrangeiros foram citadas como exemplo do que poderia ser feito no Brasil. Javier Milei, presidente da Argentina, foi mencionado por tomar decisões que, apesar de gerarem insatisfação no curto prazo, já apresentam resultados econômicos. “Mesmo com críticas, essas ações fazem a diferença no longo prazo”, destacou o CEO do Grupo Laatus.
O debate concluiu que ajustes fiscais demandam coragem política para enfrentar resistências. Sem isso, as reformas estruturais necessárias para o crescimento econômico sustentável continuarão em segundo plano.