Um novo alerta sobre a alimentação infantil no Brasil: o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI) revela que 20,5% do cardápio de crianças entre 6 meses e 2 anos é composto por alimentos ultraprocessados, como biscoitos doces e chocolates. Essa alta ingestão de produtos ricos em gordura, açúcar e aditivos químicos na primeira infância compromete a formação de hábitos alimentares saudáveis, aumentando o risco de obesidade, diabetes e outras doenças crônicas.
Especialistas alertam que a fase de introdução alimentar é crucial para o desenvolvimento do paladar e a aceitação de alimentos nutritivos. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, seguido pela introdução gradual de alimentos in natura, é fundamental para garantir uma alimentação saudável e variada na infância.
Quando deve-se iniciar a introdução alimentar?
- A partir dos 6 meses: a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno exclusivo seja mantido até os 6 meses de idade. A partir dessa idade, a introdução alimentar pode começar, sempre complementando o leite materno.

A Importância dos alimentos frescos na introdução alimentar
Os especialistas recomendam que os bebês sejam apresentados a uma dieta rica em alimentos frescos e naturais. Essa prática visa substituir os tradicionais purês e sucos por alimentos diversos, como verduras, legumes, frutas, carnes, ovos e feijões. Essa abordagem promove uma variedade de sabores e texturas, além de evitar o consumo de sucos e alimentos processados.
Temperar as refeições com ervas e especiarias é permitido, mas o uso de sal deve ser evitado antes dos 12 meses. O açúcar também não é recomendado até a criança completar 2 anos. Estas práticas são importantes não apenas para a saúde nutricional, mas também para a socialização da criança nas refeições em família.
Quais são os métodos para a introdução alimentar?
O método tradicional de introdução alimentar envolve oferecer alimentos amassados individualmente numa colher. Hortaliças, tubérculos e carnes devem ser bem cozidas e desfiadas para facilitar a aceitação. Vale destacar que a atenção aos sinais de saciedade do bebê é crucial para evitar forçá-los a comer além do desejado.
O método BLW (Baby-Led Weaning), ou desmame guiado pelo bebê, é uma alternativa que incentiva a autonomia. Neste método, a criança usa as mãos para levar a comida à boca, o que melhora as habilidades motoras. Apesar de não haver um consenso científico completo sobre os riscos, estudos indicam que as crianças que seguem o BLW consomem calorias em quantidades semelhantes àquelas que seguem o método tradicional.
Quais são os cuidados ao implementar o BLW?
Embora o BLW possa ser benéfico, existem preocupações em relação à segurança, como o risco de engasgo. Recomenda-se que os alimentos oferecidos sejam macios e adequadamente cortados. Vegetais crus, sementes, e alimentos em formato arredondado precisam ser manipulados com cautela.
Carnes devem ser servidas em tiras ou como almôndegas feitas em casa para facilitar a manipulação. O acompanhamento de um pediatra é recomendado para garantir que a dieta esteja suprindo todas as necessidades nutricionais da criança.
Método participativo: uma abordagem intermediária
Uma abordagem que combina o método tradicional com o BLW é o método participativo. Neste caso, o uso de talheres é permitido, e o bebê é incentivado a experimentar texturas diferentes. Isso promove o desenvolvimento motor e a interação com os alimentos, permitindo uma experiência de alimentação mais rica.
Cada família pode escolher o método que melhor se adapta à sua realidade, sempre com orientação profissional. Independentemente do método escolhido, a introdução alimentar deve ser uma experiência que valorize a saúde e a educação alimentar.
Para mais informações:
- Sociedade Brasileira de Pediatria: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Guia_de_alimentac__a__o_e_nutric__a__o_-_versa__o_fami__lias_compressed.pdf
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