Em um evento repleto de expectativas e oportunidades, empresas brasileiras participaram nesta segunda-feira (11), do Seminário de Internacionalização, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), Sebrae e Embaixada do Brasil em Lisboa. O seminário, que integra a agenda da delegação brasileira no Web Summit 2024, reuniu executivos, empreendedores e autoridades para explorar os desafios e as oportunidades do mercado europeu, com foco em Portugal, para a expansão de empresas brasileiras. “Damos início hoje a agenda do Web Summit, tendo o Brasil sua maior delegação da história, com destaque para a diversidade regional do empreendedorismo brasileiro e soluções sustentáveis. É uma delegação representativa de nosso ecossistema de inovação. Com mais de 20 mil startups, somos referência em inovação na América Latina, como principal destino de investimentos na região. E, hoje, nossa delegação vai ter contato com as oportunidades dos ecossistemas de inovação europeu e português”, afirmou o diretor de Gestão Corporativa da ApexBrasil, Floriano Pesaro, na abertura do evento.
Já o chefe para Assuntos Estratégicos do escritório da ApexBrasil em Bruxelas, Aloysio Nunes, sublinhou a importância do apoio do governo Lula ao empreendorismo. “No início, o caminho do empreendedor é repleto de desafios, a burocracia, da concorrência, incertezas que decorrem do protecionismo. Daí a importância do apoio governamental na capacitação, na conexão e no estímulo à associação, que é justamente o que a Apex faz nesse caminho para o Web Summit”, destacou o ex-chanceler. “Este seminário já se consolidou como um marco no calendário de atividades à margem do Web Summit e guarda um valor inestimável porque expõe o vibrante ecossistema de inovação português, suas oportunidades e a rede de apoio ao empreendorismo”, comentou o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro Silva, no encerramento da abertura institucional.
Oportunidades e incentivos em Portugal e demais países europeus
Portugal tem se destacado como um dos hubs de inovação mais dinâmicos da Europa, atraindo startups e empresas de tecnologia de todo o mundo. O país oferece uma série de incentivos governamentais para empresas estrangeiras, incluindo o programa Startup Portugal e o Tech Visa, que facilita a contratação de talentos internacionais para startups e empresas de tecnologia. Além disso, os participantes foram apresentados a programas específicos da União Europeia, como o Horizonte Europa e o Portugal 2030, que oferecem linhas de financiamento para projetos inovadores em áreas como tecnologia verde, saúde digital e inteligência artificial.
Durante o seminário, representantes do Capricórnio e da Atlantic Hub abordaram os principais aspectos que tornam as empresas brasileiras mais atraentes aos investidores e porque Portugal tem sido um destino privilegiado para a internacionalização dessas empresas, enquanto Eduardo Tourinho e Vinck de Bragança da start up Strivit, de soluções tecnológicas para apoiar a internacionalização de empresas, discutiram as melhores estratégias para empresas brasileiras que buscam novos mercados. “As startups precisam de uma visão global, mas isso não pode se traduzir numa estratégia vaga. A internacionalização tem que ser um instrumento para a estratégia de crescimento e os portugueses sabem muito bem como internacionalizar para Europa, porque Portugal é um mercado meio e não fim”, comentou Tourinho.
Casos de sucesso e conexão
O seminário trouxe ainda casos de sucesso de empresas do Brasil que já expandiram para Portugal e estão colhendo os frutos de ter uma presença internacional. Entre eles está a uGlobally. Rodrigo Olmedo, CEO da startup, contou sua experiência e sobre as oportunidades para além de Portugal. “Eu vim para Holanda em 2017 com a startup visa, depois de ter ficado um ano no Brasil quebrando a cabeça porque não tínhamos mercado. Mas nós não desistimos. Muita gente não leva em conta como outros mercados podem precisar mais de suas soluções do que o próprio mercado brasileiro. Essa foi a sacada que tivemos e que nos alavancou”, comentou o empreendedor. Com atuação em quase 50 países, hoje a uGlobally se tornou uma rede global de softlanding, mas não deixou o Brasil. “A presença na Europa reforçou nossa ação no Brasil. Além disso, eu trabalho hoje com 47 países, mas o Brasil é onde coloco meu maior esforço. Eu quero que mais brasileiros ganhem o mundo e, por isso, estou aqui com a Apex”, concluiu.
O Seminário de Internacionalização também foi local para conexões entre empreendedores. A pernambucana Carolina Monteiro, da Otoh Minitoramente Sonoro, veio para a ‘Missão de Internacionalização’ ao Web Summit, organizada pela ApexBrasil e pelo Sebrae, em busca de financiamento para sua solução tecnológica e novos desenvolvimentos, mas, mesmo antes das sessões de pitches para investidores, já fez conexões cheias de potencial. “Eu já tive muitas conversas importantes aqui, com agências de fomento, como a Invest Espanha, e com outras startups do programa de vocês, como a Badu Design, já que estamos pensando em integrar nosso sensor na economia circular”, contou a empreendedora.
A Badu Design é uma das dez startups selecionadas pela ApexBrasil, em uma parceira inédita com a Central Única das Favelas (CUFA) e a Escola de Negócios da Favela, para participar do Web Summit. Segundo sua fundadora e líder, Ariane Santos, “a Badu é um negócio de impacto socioambiental, presente no mercado há dez anos, que trabalha com a ressignificação dos resíduos industriais, com um olhar voltado para a emergência climática e formação de mulheres de periferia e favela em design circular”, explicou. Em Lisboa, essas histórias de empreendedorismo feminino brasileiro se cruzaram e a Badu pode oferecer à Otoh uma solução sustentável para a produção de seus dispositivos. Criar um ponto de encontro para empreendedores brasileiros em Portugal e servir como um hub para inovação e internacionalização são alguns dos objetivos no novo escritório da ApexBrasil em Lisboa.
Segundo Paulo Matheus, quem estará à frente desta iniciativa, o escritório da ApexBrasil em Lisboa está em fase de conclusão já com operação parcial até dezembro. “Devemos inaugurá-lo até abril de 2025. Será uma parceria com o Sebrae, Embratur, Banco do Brasil e Fiocruz, o que será um espaço do Brasil em aqui em Lisboa. E um dos nossos principais objetivos é estabelecer uma conexão das nossas startups com o sistema europeu com destaque para o sistema português, além de estreitar a parceria com nossa congêneres local, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com um olhar também para a África, por meio da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, informou.
Próximos passos
Nesta terça-feira (12) ocorre a inauguração do Pavilhão do Brasil no Web Summit Lisboa 2024, palco para startups brasileiras brilharem no maior evento de tecnologia. Na sexta-feira (15) será promovido o Dia da Inovação, no qual serão apresentados e discutidos temas como cenário de start ups, mercado de games, setor de software, Inteligência Artificial e seus impactos na cultura de inovação das empresas. A expectativa é que todas estas iniciativas rendam frutos em termos de novos negócios, parcerias e expansão de empresas brasileiras na Europa.
