O comportamento do mercado financeiro está diretamente influenciado pelas incertezas da reta final das eleições presidenciais dos Estados Unidos, conforme destaca o economista Bruno Corano. Segundo ele, os investidores adotaram a estratégia conhecida como “Trump Trade”, refletindo uma expectativa pela vitória do ex-presidente Donald Trump. A precificação de ativos tem oscilado à medida que as pesquisas eleitorais alternam entre Trump e a atual vice-presidente, Kamala Harris.
Embora Harris tenha reassumido a liderança em algumas pesquisas, a margem de erro torna o cenário imprevisível, o que se reflete no comportamento do mercado. “Os índices são resultado de milhões de pessoas operando simultaneamente, o que gera um efeito manada”, explica Corano. A percepção dos investidores de que um determinado candidato pode favorecer ou prejudicar a economia é capaz de movimentar os mercados de forma significativa.
Corano pontua que uma eventual vitória de Trump pode inicialmente valorizar o mercado devido à promessa de incentivos fiscais para grandes corporações. “A agenda econômica do ex-presidente sugere estímulo ao mercado acionário no curto prazo, com ganhos para empresas beneficiadas por cortes tributários”, avalia.
No entanto, ele alerta que as políticas de Trump trazem riscos de instabilidade. O economista menciona o impacto imprevisível da política tarifária, que pode gerar inflação e turbulências econômicas. “O mercado ainda não sabe como lidar com essas incertezas, especialmente se Trump insistir na ideia de deportar 11 milhões de imigrantes”, afirma Corano. A execução de planos como este foi considerada irrealista até por membros próximos ao governo, segundo o economista.
Apesar da influência das questões políticas, Corano ressalta que o mercado tende a se descolar das eleições a médio e longo prazo. “Ainda bem que o mercado não depende exclusivamente da política, pois os fundamentos econômicos acabam prevalecendo”, conclui.