A economia chinesa enfrenta uma série de desafios em 2024, comprometendo a expectativa de crescimento robusto que o mercado aguardava após o relaxamento da política de COVID zero em dezembro de 2022. Embora o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido 4,6% no terceiro trimestre, o desempenho está abaixo do esperado para um país que historicamente liderou o crescimento global. Para este ano, a meta oficial é de 5%, um índice que, se fosse atingido no Brasil, seria celebrado, mas que para os padrões chineses é visto como modesto.
Entre os principais entraves está o mercado imobiliário, que vive uma crise causada por anos de especulação e alta demanda. Segundo especialistas no programa Pré-Market de hoje (22), a falta de alternativas financeiras levou os chineses a concentrar suas economias em imóveis. Com a queda da migração das zonas rurais para as cidades industriais e o declínio populacional, a demanda por novos projetos imobiliários despencou, afetando diretamente o setor de construção e a economia como um todo.
Além disso, o governo chinês parece ter atingido o limite na criação de novas obras de infraestrutura. A malha ferroviária de alta velocidade e os grandes aeroportos, que outrora impulsionaram a economia, já estão concluídos, deixando o país sem espaço para novos investimentos públicos nessa área. Isso, por sua vez, tem reduzido a demanda por insumos como cimento e aço, afetando empresas como a Vale, que exporta minério de ferro para a China.
Outra tentativa de reverter a desaceleração tem sido a aposta em carros elétricos. No entanto, há sinais de que o setor também enfrenta uma saturação, com excesso de produção e oferta além da demanda global.
Embora o mercado acionário chinês tenha mostrado uma breve recuperação em setembro, antes do feriado da Golden Week, esse movimento já perdeu força, evidenciando a necessidade de novos pacotes de estímulos. Especialistas defendem que o governo precisa redirecionar seus esforços para fomentar o consumo doméstico, em vez de continuar apostando no setor imobiliário, que já demonstra esgotamento.
Se o governo chinês não encontrar soluções eficazes para estimular a economia, o impacto poderá ser sentido globalmente, especialmente em países como o Brasil, cuja bolsa tem grande exposição à Vale e depende fortemente das exportações de commodities para a China.