- Ibovespa: 130.499,26 (-0,22%)
- S&P 500: 5.864,69 (+0,40%)
- Nasdaq: 18.489,55 (+0,63%)
- Dow Jones: 43.275,91 (+0,08%)
- Dólar: R$ 5,69 (+0,69%)
- Euro: R$ 6,19 (+1,01%)
Segundo análise de Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, hoje (18), a queda da bolsa brasileira reflete principalmente as preocupações com o crescimento da economia chinesa e a falta de clareza sobre a disposição do governo brasileiro em cortar despesas para conter o aumento do déficit público.
“Apesar de alguns indicadores da China terem vindo acima das expectativas, como a produção industrial e as vendas no varejo, o mercado ainda está cético quanto ao potencial de recuperação sustentável do país, o que afeta diretamente setores como mineração e petróleo. O minério de ferro caiu na China, enquanto o petróleo recuou mais de impactando negativamente as ações da Vale e Petrobras. No câmbio, o real está enfraquecido frente a outras moedas emergentes, influenciado pela queda no preço do petróleo e pelas incertezas em torno das contas públicas no Brasil. Embora indicadores econômicos positivos da China e dos EUA tenham inicialmente beneficiado a moeda, o real perdeu força à medida que surgiram temores de deflação na China e falta de medidas concretas para o ajuste fiscal aqui no Brasil”, analisou Iarussi.
Nos juros futuros, vemos um movimento de alta, que acompanha a valorização do dólar e a percepção de um risco fiscal maior. Fica claro, ao meu ver, que os investidores estão à espera de ações efetivas do governo em relação ao controle dos gastos públicos antes de baixar a guarda.
Entre as altas de hoje, as ações da Marfrig (MRFG3), que estão liderando as altas do Ibovespa, impulsionadas pelo relatório recém-divulgado do Goldman Sachs, que iniciou a cobertura dos papéis da empresa com uma previsão de valorização de 31% com base no último fechamento.
Esse otimismo atraiu os investidores e favoreceu também as ações da Minerva (BEEF3), que seguem o movimento positivo no setor de alimentos.
Outro destaque no campo positivo é LocaWeb (LWSA3). A valorização das ações reflete as expectativas otimistas para o resultado do terceiro trimestre, com a empresa mostrando uma evolução consistente nas suas margens, o que gerou uma onda de confiança entre os investidores.
Já as quedas estão concentradas em ações de empresas mais sensíveis aos ciclos econômicos, que sofrem com o avanço dos juros futuros. Entre elas, o Carrefour (CRFB3) após Bank of America (BofA) dizer que Carrefour (CRFB3) deve ser excluída da próxima revisão do índice MSCI Brasil, com anúncio previsto para 6 de novembro e implementação no dia 26. Essa perspectiva gera cautela no mercado, impactando negativamente os papéis das empresas. Pão de Açúcar também cai reagindo ao movimento dos juros futuros.
Com a proximidade das eleições americanas, é natural que o mercado comece a refletir esse impacto nos preços. “Na minha visão, uma mudança significativa no cenário ocorreu recentemente, com as casas de apostas indicando uma maior probabilidade de vitória para Donald Trump, candidato republicano”, analisa.
Além disso, a divulgação dos resultados de empresas nos Estados Unidos trouxe um aumento na volatilidade do mercado, mas houve um leve movimento de “risk-on” (apetite por risco) após os dados de vendas no varejo surpreenderem positivamente as expectativas.
Esse cenário gerou uma valorização do dólar e das Treasuries, algo que considero natural diante do contexto. Outro fator que reforçou o fortalecimento do dólar foi a postura mais “dovish” adotada por Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu. Mesmo reconhecendo que o processo de desinflação na Zona do Euro enfrenta incertezas, ela indicou que os riscos para a economia permanecem mais baixos no médio prazo. Ao falar sobre a atividade econômica, Lagarde destacou que os dados recentes sugerem riscos de desaceleração no crescimento.
“Diante desse quadro, o mercado ajustou suas expectativas em relação à política monetária europeia, antecipando mais cortes de juros. Na minha opinião, essa percepção de um ciclo mais prolongado de flexibilização na Europa também contribuiu para o fortalecimento do dólar ao longo da semana”, afirma o especialista.