Em recente reunião liderada pelo presidente Lula, foi proposta a criação de um grupo de trabalho para discutir os juros. O objetivo seria encontrar soluções para reduzir a taxa de juros, mas especialistas criticam a medida, apontando interferências na autonomia do Banco Central. Segundo Vandyck Silveira, economista, “essa é uma tentativa de forçar o BC a agir de acordo com os interesses do governo”.
O ponto central do debate é o impacto do crescimento dos gastos públicos. “Se os gastos sobem 15% ao ano e a arrecadação cresce apenas 9%, essa conta não fecha”, alerta Silveira. Para eles, a continuidade dessa política pode resultar em aumento da inflação e pressão para manter os juros elevados.
O Papel do Banco Central e o Efeito das Taxas de Juros
O Banco Central, apesar de sua autonomia, só controla a taxa de juros de curto prazo. “O mercado é quem determina as taxas de médio e longo prazo”, o economista. A análise sugere que políticas fiscais desordenadas e gastos elevados aumentam a percepção de risco no mercado, elevando as taxas de juros futuras.
Outro tema abordado foi a alocação de recursos em saúde e educação. Silveira explica que “esses gastos, embora necessários, não são investimentos; são despesas essenciais que precisam ser controladas”. Dados do Fundeb revelam um aumento de R$ 20 bilhões para R$ 70 bilhões em apenas sete anos, enquanto os resultados na educação continuam abaixo da média global.
“Mesmo com 45% dos recursos do Fundeb direcionados para salários e capacitação de professores, não houve melhoria na qualidade da educação”, reforça o economista. A situação é agravada pela redução no número de estudantes em níveis adequados de aprendizado em matemática e leitura.
Brasil Gasta Mais do que Países Ricos em Saúde e Educação
Comparando-se com os 38 países da OCDE, o Brasil investe mais em saúde e educação, mas com resultados aquém dos padrões internacionais. “Gastamos mais que a média da OCDE, mas a performance em educação e saúde está muito abaixo”, diz Vandyck Silveira.
O consenso é que reformas estruturais são urgentes. “Os gastos excessivos sem planejamento geram ineficiências e dificultam a recuperação fiscal do país”, alerta Silveira. Para o governo, o desafio será alinhar a política fiscal às expectativas do mercado sem comprometer serviços essenciais. “A racionalidade na alocação dos recursos públicos é fundamental para garantir resultados melhores e sustentáveis”, conclui.