A expectativa de vida, um indicador crítico do desenvolvimento humano, tem revelado tendências diferenciadas entre diversas regiões do mundo. De acordo com uma análise abrangente dos dados de longevidade de países com alta expectativa de vida, incluindo Austrália, França, Itália, Japão, Coreia do Sul, Suécia, e Suíça, além de Hong Kong e Estados Unidos, ocorreram mudanças significativas entre 1990 e 2019. Este estudo excluiu dados pós-2019 para evitar distorções estatísticas provocadas pela pandemia de Covid-19.
Tendências mundiais: Crescimento lento na longevidade
Globalmente, mesmo nos países com maior expectativa de vida, o ritmo de crescimento tem sido mais lento. Calcula-se que nos locais analisados, o ganho anual médio seja inferior a 2,5 anos adicionais. Para que bebês nascidos em 2024 alcancem a média de 110 anos, estimativas indicam que seria necessário que 70% das mulheres cheguem aos cem anos. Atualmente, apenas cerca de 5% das mulheres dos países de destaque chegam a este marco.

Por que a longevidade está crescendo mais lentamente?
- Doenças crônicas: O aumento da expectativa de vida está associado à redução da mortalidade por doenças infecciosas. No entanto, doenças crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer se tornaram mais comuns, impactando a longevidade.
- Limites biológicos: Nosso corpo possui mecanismos biológicos que podem limitar nossa longevidade. Telômeros, por exemplo, encurtam a cada divisão celular, e quando ficam muito curtos, a célula para de se dividir e envelhece.
- Fatores ambientais e sociais: Estilo de vida sedentário, alimentação inadequada, tabagismo, poluição e desigualdades sociais podem acelerar o processo de envelhecimento e reduzir a expectativa de vida.
Anomalias nos Estados Unidos: Desafios sociais e de saúde
Nos Estados Unidos, observou-se uma anomalia distinta: a expectativa de vida começou a declinar ainda antes da pandemia. Especialistas sugerem que fatores como abuso de substâncias, suicídio e desigualdade no acesso à saúde contribuem significativamente para essa tendência. A situação pode ter sido exacerbada pelos efeitos da pandemia. Além disso, problemas crônicos como diabetes e doenças cardíacas demonstram uma alta incidência, impactando diretamente as taxas de longevidade da população.
Desafios para o século 21: Como superar as barreiras biológicas?
A possibilidade de celebrações de centenários tornar-se rotina no século 21 é improvável sem avanços significativos em saúde pública e ciência. A projeção atual é de que, sem intervenções importantes, as comemorações do 100º aniversário continuarão a ser acontecimentos excepcionais. Para uma expectativa de vida ao nascer de 89,7 anos para mulheres e 84,7 anos para homens, a taxa de mortalidade até os 50 anos precisaria ser nula.
O papel crucial da saúde pública e inovações biomédicas
Avanços em práticas de saúde pública e o desenvolvimento de novas tecnologias biomédicas podem ser vitais para aumentar significativamente a expectativa de vida nas próximas décadas. Estudos contínuos são necessários para abordar doenças prevalentes e promover hábitos de vida saudáveis. A mitigação dos efeitos de doenças não transmissíveis, especialmente as cardíacas e a diabetes, será um passo crucial neste processo de extensão da vida humana.
- Redução do abuso de substâncias
- Melhoria do acesso à saúde de qualidade
- Promoção de estilos de vida mais saudáveis
- Inovações em tratamentos e prevenção de doenças crônicas
Este conjunto de fatores irá determinar se a humanidade poderá romper a barreira dos 100 anos de idade de forma ampla e contínua.
Para mais informações:
- Jornal USP: https://jornal.usp.br/atualidades/sistema-de-saude-nao-esta-preparado-para-revolucao-da-longevidade/
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