Os recentes anúncios de estímulos econômicos da China, incluindo a emissão de 6 trilhões de iuanes em títulos de longo prazo, não estão sendo bem recebidos pelo mercado. Segundo André Machado, CEO do projeto “Os10%”, a estratégia do governo chinês, que tem como foco o setor imobiliário, está longe de recuperar a confiança de investidores e especialistas.
“A China insiste em usar a mesma fórmula que adotou nas últimas décadas, apostando em crescimento imobiliário e construção de infraestrutura, mas o mercado já não responde a esses estímulos da mesma forma”, comenta Machado. Em sua análise, a bolha imobiliária que se formou nos últimos anos agravou a situação econômica, com imóveis desvalorizados em até 30% e projetos que não foram entregues, o que afeta diretamente a confiança dos consumidores e investidores no setor.
Além disso, o endividamento total da China, incluindo o de províncias e famílias, já ultrapassa 300% do PIB, elevando a pressão sobre o sistema bancário, que também enfrenta sérias dificuldades. “Mesmo com novos pacotes de incentivos, o mercado não acredita que essa estratégia vá funcionar, principalmente porque esses estímulos estão concentrados em retomar um modelo antigo, que já demonstrou não ser mais sustentável”, alerta Machado.
A resposta do mercado às recentes ações do governo chinês foi imediata. A bolsa chinesa caiu 2,5% e o minério de ferro recuou 2%, após o anúncio de novos estímulos no valor de 842 bilhões de dólares. “Isso só comprova que a estratégia está falhando. O mercado já devolveu metade dos ganhos observados nas semanas anteriores, e a tendência é que a situação continue se deteriorando”, observa o CEO de “Os10%”.
Com a China sendo o maior parceiro comercial do Brasil, a desaceleração da economia chinesa representa um risco significativo para a economia brasileira. “Estamos vendo os impactos de uma economia que está insistindo em fórmulas do passado, sem se adaptar ao novo cenário global, o que é preocupante para o Brasil e para o mundo”, conclui André Machado.