Em recente participação na BM&C News, o economista Ecio Costa, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), destacou que o pessimismo que permeia o mercado financeiro brasileiro está diretamente ligado à questão fiscal do país.
Segundo Costa, a dívida pública em relação ao PIB se aproxima de 80% nos cálculos brasileiros, e quase 90% pelo critério do FMI. Essa realidade, somada a um déficit fiscal de quase R$ 100 bilhões acumulado este ano, tem contribuído para o aumento dos juros e do risco-país.
O economista salientou que, para cobrir o desequilíbrio entre receita e despesa, o governo tem recorrido a novos endividamentos, o que resulta em juros mais elevados. “A longo prazo, isso gera mais inflação, pois o aumento do gasto público estimula a economia, enquanto o governo tenta conter o impacto com ajustes na taxa Selic”, explica Costa.
Outro ponto abordado pelo professor foi o crescimento do dólar frente ao real, intensificando a pressão inflacionária. Costa enfatizou que, apesar das tentativas do governo de aumentar a arrecadação, as medidas de contingenciamento de gastos são insuficientes para reverter o cenário de déficit. “Sem cortes mais profundos nas despesas e uma melhor gestão fiscal, o Brasil dificilmente atingirá a meta de déficit zero em 2024”, alertou.
O crescimento econômico, embora surpreendente, não tem sido suficiente para equilibrar a relação entre receita e despesas. O economista destacou que, enquanto a arrecadação tem batido recordes, o ritmo de aumento dos gastos públicos é ainda mais acelerado, gerando mais incertezas no mercado financeiro.