A Bolsa iniciou a semana em alta após as eleições municipais de domingo, que não causaram grandes impactos no mercado. O índice brasileiro finalizou sua sessão em alta de 0,17%, em 132.017,84 pontos.
Segundo Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, esse movimento foi impulsionado principalmente pelo aumento das commodities, especialmente o minério de ferro e o petróleo. “As ações da Petro e Vale se beneficiaram da alta no preço do petróleo, impulsionada pelos conflitos no Oriente Médio”, explica Mendonça.
A semana promete movimentações importantes, tanto no Brasil quanto no exterior. Na quinta-feira, será realizada a CPI que poderá dar o tom da próxima reunião do Federal Reserve (FED), que decidirá sobre possíveis cortes nos juros. Na sexta-feira passada, o Payroll de setembro surpreendeu com a criação de 254 mil empregos, acima da expectativa de 220 mil, o que sugere que, se o FED cortar juros, será em 0,25 ponto percentual.
No cenário americano, as revisões de dados da semana passada, como as reservas de poupança, mostraram que os consumidores ainda têm capacidade de manter o consumo, afastando temores de uma desaceleração econômica. “Isso muda a percepção do mercado, que esperava um cenário mais negativo”, comenta Mendonça. Na sexta-feira, também começa a temporada de balanços nos Estados Unidos, um momento importante para o mercado.
Já na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou a possibilidade de cortes de juros em outubro, devido ao fraco crescimento econômico e o risco crescente de deflação.
No Brasil, a semana também será agitada com a votação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central na terça-feira e a divulgação do IPCA de setembro na quarta-feira. Hoje, o boletim Focus aumentou a projeção do IPCA para o final de 2024, passando de 4,37% para 4,38%. O PIB projetado para 2025 também teve um leve ajuste para cima. “Com o aumento da inflação e uma economia acelerada, a preocupação é de que o Banco Central tenha que elevar a Selic nas próximas reuniões”, alerta Mendonça.
Outro ponto destacado é o desequilíbrio das contas públicas, que continua pressionando o cenário econômico, juntamente com a recente elevação do rating do Brasil pela agência Moody’s. As constantes revisões do IPCA também elevaram os juros futuros, colocando em dúvida a credibilidade da política monetária brasileira.
No mercado de ações, alguns destaques foram VAMO3, que registrou alta após focar no aluguel de caminhões e máquinas, e BRAV3, que surfou a alta do petróleo. No entanto, o setor de varejo, representado por CRFB3 e LREN3, sofreu quedas devido ao aumento das expectativas de inflação e possíveis elevações da Selic, o que pode prejudicar as vendas dessas empresas.
Com tantas variáveis em jogo, Hemelin Mendonça conclui que o mercado está atento tanto ao cenário interno quanto ao externo, e que decisões de política monetária serão decisivas para os rumos da economia e da Bolsa nas próximas semanas.