O cenário econômico brasileiro segue em alerta com as projeções de inflação para os próximos meses. Caio Augusto, economista do Terraço Econômico, compartilhou suas perspectivas em entrevista ao programa Pre-Market da BM&C News, destacando que, apesar de dados recentes mais otimistas, a inflação ainda permanece como uma grande preocupação. O Boletim Focus, inclusive, revisou para cima suas projeções, refletindo o estresse econômico enfrentado pelo país.
Segundo Caio, a inflação é impulsionada por fatores tanto conjunturais quanto estruturais, como o mercado de trabalho aquecido e o aumento real da renda, que cresce cerca de 7 a 8% acima da inflação. “O desemprego está abaixo do nível que não geraria certas pressões dentro do mercado de trabalho”, afirmou o economista, ressaltando que o nível atual de 6,6% gera pressões salariais que contribuem para a manutenção da inflação elevada.
Outro ponto importante abordado na entrevista foi o impacto da crise energética. Caio destacou que a seca prolongada está pressionando os preços da energia, com a bandeira vermelha no nível 2, o que deve continuar a afetar o custo de vida no curto prazo. No entanto, ele apontou que uma temporada de chuvas mais regulada pode estabilizar esse cenário no futuro.
Em relação à política monetária, Caio Augusto não descarta a possibilidade de que a Selic atinja 12% ao final de 2024, conforme projetado por algumas grandes casas do mercado. Contudo, ele alertou que essa decisão dependerá de como a política fiscal do governo se sustenta e de como os juros nos Estados Unidos evoluem. “O juro americano é o juro livre de risco do mundo. Estamos monitorando essa queda, que deve chegar a 3% nos próximos trimestres”, comentou.
O economista concluiu ressaltando que o maior desafio para o Brasil nos próximos anos será garantir que a regra fiscal se mantenha sólida. Segundo ele, se o governo conseguir equilibrar suas contas e os ventos externos forem favoráveis, a Selic pode até atingir 12%, mas, posteriormente, poderia recuar. “Tudo dependerá de fatores internos e externos, principalmente da nossa organização fiscal”, finalizou Caio Augusto.