No mundo dos investimentos, as ações de siderurgia e mineração atraem muitos olhares, especialmente por sua relação direta com as cotações do minério de ferro. Quando este insumo essencial do setor se valoriza, é comum observar um potencial aumento nas margens de lucro das empresas envolvidas. No entanto, o que vemos atualmente é um cenário complexo envolvendo as ações da Vale (VALE3), a maior mineradora do Brasil. Desde a última segunda-feira, houve uma queda considerável nos papéis da empresa, mesmo diante de um aumento significativo no preço do minério de ferro, provocado por novos estímulos do governo chinês para o setor imobiliário.
A segunda-feira começou promissora para a Vale, com suas ações subindo cerca de 2% em resposta às novidades vindas da China. Contudo, essa alta inicial foi rapidamente substituída por uma queda no valor das ações. Até o fechamento da última quinta-feira, registou-se uma queda de 3,64% nas ações da mineradora, enquanto o minério de ferro registrou uma alta impressionante de 17,63%, alcançando R$ 108.

Por que as Ações da Vale Não Acompanharam a Alta do Minério?
Para entendermos esse “descolamento” entre as ações da VALE3 e o preço do minério de ferro, precisamos analisar o contexto internacional, principalmente em relação à China. O país asiático, sendo o principal consumidor desse recurso, anunciou medidas de estímulo ao seu mercado imobiliário, incluindo cortes nas taxas de juros e redução dos requisitos para compra de imóveis. Essas ações visam impulsionar sua economia em direção à meta de crescimento de 5% do PIB em 2024.
No entanto, especialistas do setor financeiro, como Idean Alves, afirmam que os investidores estão receosos e esperam para ver se esses movimentos no mercado são temporários ou indicam uma sustentação efetiva no preço da commodity. Outro destaque é de Mariana Conegero, que pontua que, embora haja potencial para que as ações da Vale acompanhem a alta do minério, a incerteza em relação ao impacto real das medidas chinesas mantém o mercado apreensivo.
O Sobe e Desce do Mercado: Qual é a Real Situação na China?
É indiscutível que o papel da China no comércio de commodities é crucial, mas há dúvidas sobre a eficácia das últimas medidas anunciadas. A Genial Investimentos destacou em seus relatórios que as ações recentes não devem ser vistas como “game changers”. Análises sugerem que o contínuo impacto negativo do setor imobiliário chinês e o consumo interno fraco podem continuar limitando o crescimento econômico do país.
- A desconfiança em relação às políticas de estímulo chinês;
- Problemas estruturais do setor imobiliário;
- Desinteresse dos consumidores em tomar crédito, apesar da oferta.
VALE3 Conseguirá Voltar a R$ 70?
Além das questões externas, existem fatores internos que podem impactar o desempenho da Vale. A empresa ainda enfrenta desafios como a negociação dos acordos de indenização devido ao desastre ambiental em Mariana (MG), além de aumento em despesas e investimentos. A troca recente de CEO, com Eduardo Bartolomeo sendo substituído por Gustavo Pimenta, trouxe um clima de esperança. Tal movimentação é considerada positiva devido à continuidade estratégica que esse tipo de sucessão interna proporciona.
Resta saber se a combinação de fatores internos e externos permitirá que as ações da Vale retornem ao patamar de R$ 70, como observado no início de 2024. O cenário atual exige cautela por parte dos investidores, mesmo com a recomendação de instituições como o Itaú BBA para manter as esperanças positivas em relação à performance futura da mineradora.