Nos últimos anos, o Brasil tem navegado em águas incertas no que diz respeito à sua classificação de risco de crédito. Apesar de um desempenho econômico que surpreendeu positivamente, a Fitch Ratings mantém uma posição cautelosa sobre a capacidade do Brasil de melhorar suas contas públicas. Atualmente, a agência classifica o crédito brasileiro como BB, uma marca ainda dois níveis abaixo do tão almejado grau de investimento.
Todd Martinez, codiretor de riscos soberanos das Américas da Fitch, em entrevista à Reuters, destacou as dúvidas quanto à habilidade do governo brasileiro de gerar superávits primários robustos. Isso representa um obstáculo para uma possível elevação da classificação de crédito no curto prazo, mesmo com um PIB que deve crescer em torno de 3% em 2024.

Será que a Fitch irá elevar a classificação do Brasil?
A fim de buscar uma resposta, é crucial analisar os elementos que são levados em consideração pelas agências de classificação como a Fitch. Um ponto crucial para uma possível elevação seria um reforço consistente nas contas públicas brasileiras. Martinez elogiou algumas iniciativas fiscais do governo, mas destacou que as contas públicas permanecem como um fator vulnerável.
A agência está conservadora, diferentemente da Moody’s, que recentemente elevou as classificações de alguns títulos brasileiros, refletindo uma perspectiva mais otimista. O déficit primário brasileiro, segundo a Fitch, deve aumentar, pressionando a relação dívida/PIB, que poderá superar os 80% em poucos anos.
Quais são os desafios das contas públicas do Brasil?
As contas públicas continuam a ser um desafio. Apesar do crescimento econômico e de reformas fiscais em andamento, como a mudança nas regras tributárias e o ajuste nas isenções da folha de pagamento, o Brasil ainda enfrenta dificuldades em equilibrar suas finanças.
Algumas das complicações incluem:
- Déficit primário crescente.
- Aumento progressivo da relação dívida bruta/PIB.
- Repercussões na confiança dos investidores e nas taxas de câmbio.
Esforços do governo brasileiro para melhorar a situação fiscal
O governo, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem tomado medidas para corrigir o curso fiscal. Em viagem recente a Nova York, Lula se encontrou com executivos de agências de classificação de risco para discutir a nota de crédito do Brasil e reforçou o compromisso com reformulações fiscais.
A estratégia atual inclui:
- Reformas nas regras tributárias para aumentar a arrecadação.
- Revisão de subsídios, especialmente na folha de pagamento.
- Diálogo interagências para melhorar a percepção externa.
Perspectivas para a economia do Brasil em 2024
Olhando para o futuro, as previsões de crescimento do PIB em 2024 são otimistas, com expectativa de atingir cerca de 3%. Porém, o equilíbrio fiscal precisa se materializar para que o Brasil conquiste uma melhora em sua classificação de risco de crédito.
Assim, o desafio está posto: equilibrar crescimento econômico com a responsabilidade fiscal. O caminho para recuperar o grau de investimento depende das decisões futuras dos líderes econômicos e da capacidade do governo em realmente impactar positivamente as contas públicas.