Em uma semana marcada por volatilidade e baixa liquidez no mercado financeiro brasileiro, Renan Silva, sócio da Bluemetrix Asset, fez uma análise sobre os fatores que pressionam a economia do país.
Em participação no programa Pré-Market de hoje, Silva destacou que, apesar de uma revisão positiva do rating pela agência de classificação de risco Moody’s, o otimismo do mercado foi ofuscado por preocupações fiscais internas e pelos conflitos no Oriente Médio.
“Esperava-se uma reação mais positiva no mercado brasileiro após a revisão de rating pela Moody’s, que nos colocou a um passo de alcançar o grau de investimento. No entanto, vimos um volume muito baixo de negociações, com apenas R$ 2 bilhões movimentados em um dos dias desta semana”, afirmou Renan Silva.
Segundo o especialista, o conflito no Oriente Médio contribui para aumentar a aversão ao risco por parte dos investidores. Além disso, as preocupações com a sustentabilidade fiscal do Brasil continuam a ser um tema recorrente. “O governo brasileiro, através do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente Lula, realizou um roadshow em Nova York para demonstrar um esforço de moderação fiscal, mas ainda há muitas incertezas sobre o futuro”, explicou Silva.
Alta da Selic e Pressão Inflacionária
Renan Silva destacou também os motivos que levaram o Banco Central a retomar o ciclo de alta da taxa Selic, que pode chegar a 12% ao final do ano. Para ele, a inflação continua sendo um dos principais problemas econômicos do país, exacerbada por questões estruturais no mercado de trabalho e pelo aumento dos gastos públicos.
“O Brasil tem uma força de trabalho mal distribuída, com muitas pessoas recebendo benefícios governamentais em vez de estarem inseridas no mercado de trabalho formal. Isso gera uma pressão sobre os custos salariais e, consequentemente, sobre a inflação”, explicou Silva. Ele também destacou que o consumo, impulsionado por programas sociais, tem sido insustentável e contribui para uma inflação persistente.
Expectativas para o Mercado Global
Renan Silva também compartilhou sua visão sobre o cenário econômico internacional, com foco no mercado americano. Segundo ele, o relatório de empregos (payroll) dos Estados Unidos pode mostrar sinais de desaceleração, indicando um “pouso suave” da economia americana. “Esperamos cortes moderados nas taxas de juros por parte do Federal Reserve, o que pode trazer algum alívio para os mercados emergentes, incluindo o Brasil”, afirmou.
Apesar das incertezas globais, Silva acredita que estímulos na China e a continuação do ciclo de corte de juros na Europa podem ajudar a equilibrar o cenário econômico internacional, favorecendo, assim, a balança comercial brasileira.