Com a escalada do conflito no Oriente Médio, o mercado acionário global vive um período de forte volatilidade, adicionando um novo fator de risco às análises dos investidores. O Ibovespa fechou em queda de 1,38%, aos 131.671,51 pontos.
Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, destaca que além das tradicionais variáveis econômicas, como inflação, taxa de juros e valuation das empresas, o fator “conflito” passou a ser determinante na avaliação de qualquer tese de investimento.
“A grande participação de investidores estrangeiros na bolsa brasileira faz com que as questões externas ganhem ainda mais relevância”, afirma Silva, mencionando que o IBOV registrou mais um dia de movimento corretivo, impulsionado tanto pelo cenário internacional quanto pela retomada da alta nas taxas de juros no Brasil.
Entre as poucas altas do índice, a ação da Natura (NTCO3) foi destaque, impulsionada pela notícia de que a gestora Baillie Gifford aumentou sua participação na empresa. Além disso, as ações da Petrobras (PETR3) e da PetroRio (RECV3) também registraram ganhos expressivos, reflexo da valorização do petróleo em meio ao agravamento do conflito.
Por outro lado, ações como Vamos (VAMO3), Totvs (TOTS3) e Assaí (ASAI3) sofreram quedas significativas. Silva destaca que, no caso de VAMO3, além da alta dos juros futuros, a notícia sobre a possível fusão com a Automob trouxe incertezas que ainda precisam ser digeridas pelos investidores.
Mesmo com a elevação do rating de crédito do Brasil pela Moody’s, que favoreceu algumas empresas, os investidores continuam exigindo prêmios maiores para alocar capital no país, o que mantém a pressão sobre as curvas futuras de juros.
No mercado cambial, o dólar registrou uma alta de 0,72%, mas segue operando dentro de uma faixa de estabilidade entre R$ 5,30 e R$ 5,50. “A moeda estável depende da ausência de novos choques externos que levem investidores a buscar refúgio em moedas mais seguras”, conclui Anderson Silva.