O Banco Central elevou recentemente a taxa de juros em 0,25%, uma decisão que não surpreendeu o mercado, mas que trouxe à tona preocupações sobre o cenário econômico do Brasil.
Em participação do programa BM&C News de ontem (20), o economista VanDyck Silveira criticou a política fiscal do governo e discutiu os riscos de uma possível mudança na meta de inflação.
Silveira destacou que, apesar de uma recente queda nos índices de inflação, o cenário ainda é desafiador, principalmente devido a fatores climáticos, como secas e estiagens, que podem afetar o preço dos alimentos. “Nós temos uma inflação que está bastante desancorada até 2027, e a questão fiscal atual não nos dá outro caminho a não ser subir os juros”, afirmou o economista.
Ele também fez duras críticas à comunicação do Comitê de Política Monetária (COPOM), que, segundo ele, foi mais rígida do que a decisão de 0,25% indicava. Silveira questionou a credibilidade da equipe atual do Banco Central, enfatizando a descrença do mercado no futuro presidente da instituição, caso seja aprovado pelo Senado.
Outro ponto abordado foi a relação entre a política fiscal e a monetária. Para Silveira, a política fiscal “desatinada” do governo está agravando a necessidade de manter juros elevados. “O crescimento de 1,4% do PIB é uma falácia. Parte significativa desse crescimento vem de estímulos fiscais, o que cria uma pressão adicional sobre a inflação”, disse.
No entanto, o que mais preocupa o economista é a possibilidade de mudança na meta de inflação, algo já discutido pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo Partido dos Trabalhadores (PT). “Existe o risco real de mudarem a meta de 3% para 4%, o que poderia desencadear um processo inflacionário semelhante ao de 2014”, alertou Silveira.
Por fim, o economista também criticou a aliança do governo com o Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo ele, tem facilitado a aprovação de gastos públicos sem cortes de despesas. “Estamos a caminho de um déficit nominal de 11% e, infelizmente, em território já conhecido de pedaladas fiscais e contabilidade criativa”, concluiu.