Um estudo recente apresentado no encontro anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) em Madri despertou grande interesse no público e nos especialistas. Os cientistas da Universidade de Leiden, na Holanda, descobriram que pessoas com hábitos noturnos têm uma probabilidade maior de desenvolver diabetes tipo 2, mesmo seguindo um estilo de vida saudável. A pesquisa destacou que o horário de sono pode influenciar significativamente a saúde metabólica, revelando um novo fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis.
De acordo com o estudo, liderado pelo pesquisador Jeroen van der Velde, o cronotipo – ou seja, a tendência natural de uma pessoa quanto ao seu horário de sono e vigília – desempenha um papel crucial na predisposição ao diabetes tipo 2. Os dados foram coletados de uma amostra de 5 mil adultos com idade média de 56 anos, que foram divididos em três grupos baseados nos seus hábitos de sono: aqueles que dormiam mais cedo, os que dormiam mais tarde e o grupo intermediário.

Como o cronotipo pode influenciar na saúde?
O estudo revelou que, mesmo entre indivíduos que mantinham um estilo de vida saudável, o grupo que dormia mais tarde apresentava um risco 46% maior de desenvolver diabetes tipo 2 em comparação com os que dormiam cedo ou em horário intermediário. Isso sugere que o relógio biológico dos “noturnos” pode estar desalinhado com os horários sociais, o que afeta negativamente a saúde metabólica.
Quais são as implicações desse estudo para o tratamento da diabetes?
Van der Velde explicou que esse desalinhamento pode levar a distúrbios no metabolismo, resultando em um aumento da circunferência da cintura e acúmulo de gordura visceral. Os voluntários que tinham hábitos noturnos apresentaram, em média, um IMC 0,7 pontos maior e uma cintura 1,9 cm mais larga, além de 14% mais gordura no fígado.
A recomendação de van der Velde é clara: as pessoas com tendências noturnas devem evitar comer tarde da noite e adaptar seus horários o máximo possível aos padrões sociais, a fim de minimizar os riscos de diabetes e outros problemas de saúde relacionados. Essa simples mudança de hábito pode ser um passo importante na prevenção de doenças metabólicas.
Diabetes tipo 2 é a forma mais comum da doença e ocorre quando o corpo desenvolve resistência à insulina ou não produz quantidade suficiente do hormônio. É uma condição grave que, se não tratada, pode levar a complicações como danos aos rins, nervos e coração.
Como a má alimentação está relacionada ao diabetes tipo 2?
Uma das causas mais significativas da diabetes tipo 2 é a má alimentação. Dietas ricas em alimentos industrializados e açucarados podem aumentar consideravelmente o risco. Além disso, a ausência de exercício físico regular complementa o quadro de risco. Dessa forma, adotar uma dieta balanceada e manter um estilo de vida ativo são essenciais para a prevenção.
A pesquisa da Universidade de Leiden é um alerta para considerar não só o que comemos e a quantidade de exercício que praticamos, mas também quando dormimos. Ajustar o cronotipo pode ser uma intervenção de baixo custo e alta eficácia na luta contra o diabetes tipo 2.
- Evite refeições tardias, especialmente jantares pesados.
- Tente dormir e acordar em horários consistentes todos os dias.
- Incorpore exercícios físicos na sua rotina diária.
- Prefira uma dieta rica em fibras, frutas, legumes e alimentos integrais.
- Limite o consumo de álcool e evite o tabagismo.
Essas são algumas das medidas práticas recomendadas para reduzir o risco de desenvolver diabetes tipo 2, mesmo para aqueles cuja natureza inclina para hábitos noturnos.