Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de adultos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA), uma condição neurológica que afeta a comunicação social e comportamentos repetitivos. Esse fenômeno, conhecido como “diagnóstico tardio”, está relacionado ao aumento na conscientização e nos diagnósticos de autismo em crianças, o que leva muitos pais a buscarem um diagnóstico para si mesmos ao reconhecerem características semelhantes em suas vidas.

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Um caso emblemático é o de Romeu Sá Barreto, advogado de 44 anos, que sempre foi considerado “tímido” e “nerd” durante sua vida. No entanto, só aos 42 anos, após o diagnóstico de sua filha de 4 anos, ele recebeu o seu próprio diagnóstico: autismo nível 1 de suporte com alto rendimento. Romeu percebeu que seus padrões ritualísticos e dificuldades de socialização, anteriormente vistos como “manias”, eram, na verdade, características do autismo.
Diagnóstico tardio
O diagnóstico tardio, como o de Romeu, reflete um padrão emergente onde adultos estão buscando respostas para comportamentos que carregaram ao longo de suas vidas sem saber que se tratava de uma condição neurológica. Isso é reforçado por estudos que mostram o aumento da incidência do transtorno em crianças. De acordo com uma pesquisa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), 1 em cada 36 crianças nos Estados Unidos são diagnosticadas com autismo, uma taxa significativamente maior do que há uma década.
No Brasil, a falta de dados concretos sobre autismo em adultos ainda é um desafio. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) só começou a coletar dados no censo de 2022, com resultados esperados para o segundo semestre de 2024. No entanto, estima-se que o número de diagnósticos também esteja em ascensão, refletindo uma maior conscientização e qualificação de profissionais para identificar a condição em níveis mais baixos do espectro, onde os sintomas são menos evidentes.
Opinião de especialistas
Especialistas apontam que o aumento no diagnóstico de adultos é impulsionado pela maior disseminação de conhecimentos sobre o transtorno e pela qualificação dos profissionais de saúde, que estão mais capacitados para identificar a condição em pessoas como Romeu, cujas características não eram facilmente reconhecidas antes.
Para muitas dessas pessoas, como Romeu, o diagnóstico tardio é uma revelação libertadora, permitindo que elas entendam suas diferenças e busquem o apoio necessário para viver melhor. Como ele mesmo descreve: “O diagnóstico foi libertador porque agora eu sei por que eu sou do jeito que eu sou.”
Essa nova onda de diagnósticos está lançando luz sobre uma população que, por muito tempo, viveu à margem, sem saber que suas “manias” e dificuldades eram, na verdade, características de uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Com a crescente conscientização e os avanços no diagnóstico, cada vez mais adultos estão encontrando as respostas que procuravam, às vezes, por toda a vida.