Nesta sexta-feira (30), começou o evento Expert XP 2024, maior festival de investimentos do mundo, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de um dos painéis do dia.
Campos Neto desfez as expectativas do mercado sobre um ciclo mais agressivo de alta da Selic, resultando na queda dos juros de curto prazo. Ele também enfatizou que qualquer ajuste nos juros, “se houver”, será feito de maneira gradual. Essa declaração ocorreu um dia após o mercado começar a precificar três altas de 50 pontos-base nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), a partir de setembro, com a taxa Selic sendo projetada em 12%.
O presidente do BC reforçou o compromisso com o gradualismo e destacou que as decisões futuras dependerão dos dados econômicos, colocando em dúvida a certeza do mercado sobre um novo ciclo de aperto monetário. Ele também criticou a precificação dos juros curtos, afirmando que não era compatível com a ata do Copom, o que levou à queda dos contratos para 2025, 2026 e 2027, enquanto o Ibovespa reverteu suas perdas e passou a operar em alta.
No câmbio, Campos Neto mencionou que o Banco Central está preparado para realizar novas intervenções no mercado à vista, utilizando as reservas internacionais para estabilizar o real. Contudo, essa fala não foi suficiente para conter a alta do dólar, que continuou subindo mesmo após o leilão de US$ 1,5 bilhão, impulsionado por saídas relacionadas ao rebalanceamento da carteira do MSCI e à inclusão de ativos brasileiros, como XP e Nubank, nas negociações internacionais. O dólar registrava uma alta de 0,43%, sendo cotado a R$ 5,6456.
Outro destaque de seu discurso foi sobre o cenário internacional, mencionando que o mundo se prepara para uma possível queda dos juros nos Estados Unidos, e que a desaceleração nas economias dos EUA e da China pode impactar os preços globalmente. Campos Neto enfatizou que o tempo será um fator crucial para compreender o processo de desinflação que o Brasil está atravessando.