A casa de análise SaraInvest publicou nesta segunda-feira (6) um relatório para avaliar a oferta pública inicial de ações (IPO) do Nubank. A empresa reiterou a posição de não participar da abertura de capital da fintech, especialmente por conta da precificação dos papéis.
O relatório avaliou as características da oferta, além de analisar indicadores da instituição financeira e a fatia de mercado onde o Nubank está inserido. A casa de análise destacou que a fintech é o maior banco 100% digital do mundo atualmente e que possui um forte potencial de crescimento. Entretanto, alguns fatores foram predominantes para a avaliação. Confira a seguir:
Precificação dos papéis
O principal fator levantado pela casa de análise é a precificação das ações do Nubank para o IPO. Na última semana, o banco digital definiu um novo intervalo entre US$ 8 a US$ 9 por ação, o que leva a um valuation máximo de cerca de R$ 230 bilhões, na cotação atual.
Ao considerar a precificação dos papéis e comparar com concorrentes locais, o EV/Usuário Ativo (valor de firma dividido pelo número de usuários ativos) do Nubank representa um prêmio de quase 100% sobre o Banco Inter e cerca de 250% em relação ao Banco Pan. Além disso, segundo a SaraInvest, a fintech está integrada em um contexto de receita projetada semelhante ao de big techs como o Airbnb.
Com base nestas métricas, a casa de análise acredita que o IPO do banco digital não oferece uma margem de segurança amigável.
“Nosso pressuposto parte de uma premissa que a janela de listagem que estamos nos deparando pode nos oferecer negócios promissores, mas com um nível de preço que nos faz repensar a magem de segurança embutida nos modelos e sensibilidades que traçamos para julgarmos algo como assimétrico e com margem de segurança satisfatória”, diz o relatório.
Dependência de países emergentes
A dependência do Nubank da tese de financial deepning nos países emergentes também foi uma das fraquezas levantadas pela SaraInvest. Esta expressão diz respeito ao aumento da oferta de serviços financeiros em determinadas regiões ou grupos socioeconômicos.
Ao contrário de mercados que já atingiram um certo nível de maturidade em termos de finanças e investimentos, como é o caso dos Estados Unidos, o banco digital ainda atua em um mercado em desenvolvimento.
Mercado monopolizado
A casa de análise destacou ainda a predominância de grandes nomes do mercado financeiro nos locais de atuação do Nubank, como ocorre no Brasil. Segundo o relatório, as potenciais fusões entre pares tornam este segmento pouco fragmentado, o que cria uma relação de monopólio entre poucas companhias.