Felipe Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital conversou com o portal da BM&C News e analisou o pregão doo Ibovespa e todos os temas que impactaram o mercado.
O pregão de hoje reflete o equilíbrio entre a queda superior a 1% das ações de Vale com a altas da mesma magnitude para Petrobras e Itaú, três das ações com maior peso no índice. Além disso, diante do noticiário econômico esvaziado, o volume observado na sessão de hoje se deve a reposicionamentos e realizações de lucros apurados em dias recentes.
Entre as maiores baixas da bolsa hoje estão Companhia Siderúrgica Nacional, Usiminas e CSN Mineração. As três companhias caem puxadas por Vale, que se valorizou anteriormente com a troca de seu CEO e hoje se desvaloriza puxada pelo fluxo vendedor motivado pela realização dos lucros auferidos nessa oscilação. Sem noticiário relevante específico para as empresas e sem alteração relevante na cotação do minério de ferro no mercado internacional, CSNA3, USIM5 e CMIN caem.
Entre as maiores altas da bolsa hoje estão Cemig, Marfrig e Petrobras. CMIG3 se recupera de desvalorizações consecutivas nas duas sessões anteriores e sobe hoje. MRFG3 segue em sua forte tendência de alta, que já acumula mais de 30% em agosto, e sobe hoje. PETR3 sobe sem gatilho específico exceto a alta recente motivada pelo preço do petróleo no mercado internacional e pela recente escalada do dólar.
Tanto os juros futuros quanto o dólar sobem hoje após, novamente, o presidente Lula caracterizar a Vale como “empresa sem dono” e reclamar da nomeação do novo CEO. A aversão do chefe do executivo ao livre mercado abala a já combalida confiança do investidor brasileiro e faz com que tanto a moeda americana quanto os juros futuros, que refletem a confiança na economia, registrem altas.
Sobre nova indicação ao BC:
Segundo Castro, o mercado espera que Galípolo se dissocie das pressões políticas e continue a conduzir a política monetária com o mesmo desprendimento de Campos Neto, que subiu juros em ano eleitoral.
Ironicamente Galípolo deve assumir no momento em que o desajuste fiscal do governo deve levar os juros à retomada de uma trajetória de alta, já que o consenso de mercado aponta para uma Selic de 12% ao final de 2025.
De acordo com o especialista, vai ser interessante ver o discurso do governo diante da alta da taxa de juros sob a presidência de um indicado pelo próprio governo após anos de ataques pessoais ao presidente anterior.