O amor tem muitas formas: o sentimento se expressa na relação com parentes, com interesses românticos, consigo mesmo e até no apego às ideias. O que poucos sabiam é que diferentes áreas do cérebro são ativadas conforme essa multiplicidade de sentimentos. Recente pesquisa da Universidade Aalto, na Finlândia, revelou um mapa surpreendente mostrando como diferentes tipos de amor se manifestam no cérebro e a intensidade de atividade cerebral que provocam.
O estudo contou com 55 voluntários, sendo 29 mulheres e 26 homens, com idades entre 28 e 53 anos. Todos tinham ao menos um filho e estavam em uma relação romântica no momento da pesquisa. Através de ressonâncias magnéticas, os cientistas mediram a expressão dos sentimentos dos participantes e os resultados foram publicados na revista científica Cerebral Cortex.
Um cérebro, diversas cores do amor
A pesquisa finlandesa revelou que o amor, em suas diversas formas – romântico, familiar, próprio e até por ideias –, ativa diferentes áreas do cérebro com intensidades variadas. Essa descoberta nos permite compreender melhor a complexidade do sentimento amoroso e como ele se manifesta em nosso organismo.
- Amor Romântico: A paixão, a atração e o apego romântico acendem áreas como o núcleo accumbens, associado ao prazer e à recompensa, e a insula, ligada à experiência emocional. Essa combinação neuroquímica cria a sensação de “borboletas no estômago” e a idealização do amado.
- Amor Familiar: O amor entre pais e filhos, entre irmãos e entre familiares mais distantes, ativa redes cerebrais relacionadas ao cuidado, à proteção e à empatia. A ocitocina, hormônio do amor e do vínculo, desempenha um papel fundamental nesse tipo de amor.
- Amor-Próprio: A autocompreensão e a autoestima também têm bases neurológicas. Áreas relacionadas à autoconsciência e à reflexão são ativadas quando experimentamos o amor por nós mesmos.
- Amor a Ideias e Causas: A paixão por causas sociais, políticas ou artísticas ativa regiões cerebrais ligadas à motivação, à recompensa e à tomada de decisão. Essa conexão entre o amor e a ação demonstra como nossos sentimentos podem nos impulsionar a fazer a diferença no mundo.
Os resultados mostraram que o amor pelos filhos gera a atividade cerebral mais intensa, seguido de perto pelo amor romântico. “No amor dos pais, houve uma ativação profunda no sistema de recompensa do cérebro que não foi vista em nenhum outro tipo de afeto, com maior ativação de sistemas de prazer e áreas sociais do cérebro,” explicou Pärttyli Rinne, filósofo e líder do estudo, que investiga há 10 anos o mapeamento dos sentimentos no organismo.
Quais são as áreas do cérebro mais ativadas pelo amor?
Os cientistas observaram que o amor por pessoas geralmente ativa as mesmas áreas do cérebro, embora em intensidades diferentes. O afeto por bichos ou pela natureza, por outro lado, se manifesta em áreas ligadas à visão.
- Córtex Cingulado Anterior (CCA)
- Pré-cúneo
- Tálamo
- Tronco Cerebral
Para pais de animais de estimação, as áreas cerebrais ativadas foi semelhante ao do amor por filhos.
Como o amor se manifesta nas áreas do cérebro?
Além de mapear as áreas ativadas, os pesquisadores notaram que estímulos sonoros geram respostas mais abrangentes no cérebro, criando mais conexões neurais comparado a estímulos visuais. Esse dado evidencia a complexidade e a profundidade das emoções humanas.
Além do CCA, pré-cúneo, tálamo e tronco cerebral, outras áreas do cérebro são parcial ou totalmente ativadas conforme os estímulos amorosos variam:
- O sistema de recompensa do cérebro, particularmente ativo no amor dos pais.
- Áreas sociais do cérebro, relacionadas a comportamentos de interação.
- Zonas de prazer, que são intensamente ativadas por amor romântico.
Os pesquisadores da Universidade Aalto enfatizam a importância de descobrir como os diferentes tipos de amor e afeto modulam as atividades cerebrais, principalmente por conta das possíveis aplicações terapêuticas dessa pesquisa. Estudos como esse podem ajudar a melhorar tratamentos para condições emocionais e mentais, oferecendo uma nova perspectiva sobre a complexidade das emoções humanas.