O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira (23), com falas do presidente do BC dos EUA acalmando os corações dos investidores ao mostrar confiança de que a inflação está caminhando para a meta de 2%. Além disso, ele também garantiu que chegou o momento de fazer ajustes, consolidando, portanto, o tão esperado corte nos juros.
Segundo análise de Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o Ibovespa subiu nesta sexta em resposta à sinalização do presidente do Fed, Jerome Powell, de que o ciclo de cortes de juros nos EUA começará em setembro.
Essa expectativa foi reforçada por Powell durante o simpósio de Jackson Hole, em que ele confirmou que a inflação está sob controle e que a política monetária deve começar a flexibilizar.
Isso gerou otimismo nos mercados globais, incluindo o Ibovespa, que segue em alta. O discurso de Powell teve um impacto positivo tanto nas bolsas americanas quanto no Ibovespa, sustentando os ganhos do índice brasileiro, especialmente nos setores bancário e de commodities.
As maiores quedas do Ibovespa são explicadas pela desvalorização do minério de ferro, que impactou negativamente as ações da Vale, e pela queda do dólar, que pressionou as ações das empresas exportadoras de carne, como JBS e BRF.
A Vale, por exemplo, caiu devido ao fraco crescimento econômico da China e à falta de sinais de recuperação no setor imobiliário chinês.
Em contrapartida, as maiores altas no Ibovespa foram sustentadas pela valorização das ações de bancos e petroleiras, impulsionadas pela queda dos juros futuros e pelo otimismo gerado pela possível redução dos juros nos EUA.

Os principais acontecimentos da semana foram as falas do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, confirmando o corte de juros nos EUA, e as declarações dos diretores do Banco Central do Brasil, Diogo Guillen e Gabriel Galípolo, que geraram volatilidade nos mercados locais. O ruído entre as comunicações do BC brasileiro trouxe cautela para o mercado.
Para a próxima semana, espera-se que o mercado continue atento aos dados econômicos que possam influenciar as decisões do Copom sobre a Selic. Olhando a agenda temos IPCA-15 BR, PIB EUA, Pedidos iniciais por seguro Desemprego EUA, CAGED BR,
PCE dos EUA, dados que podem mexer com o mercado.
Mas falando da semana, a tensão maior em Brasil foi, especialmente em relação às falas do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, e do presidente Roberto Campos Neto. Inicialmente, Galípolo adotou um tom mais duro, que foi bem recebido pelo mercado, mas depois suavizou, gerando confusão e críticas. Muitos no mercado acreditam que, para manter a credibilidade, o BC precisaria aumentar a Selic em setembro.
Acredito que o BC não deve se sentir pressionado pelo mercado a agir rapidamente. Mas sim penso que o BC deve tomar decisões de forma cautelosa e estratégica, considerando tanto fatores internos quanto externos, e evitar ser refém das reações voláteis do mercado.
Um ponto importante é que a comunicação do BC deve ser mais institucional e menos individualizada, para manter a credibilidade a longo prazo.
Os juros futuros e o dólar caem em resposta ao discurso de Jerome Powell, que indicou que o ciclo de cortes de juros nos EUA está próximo, e à expectativa de que a política monetária americana começará a flexibilizar. Essa perspectiva aliviou a pressão sobre os mercados emergentes, fortalecendo suas moedas e reduzindo as taxas de juros futuras. Além disso, na minha visão, a percepção de que a economia americana pode ter um “pouso suave”, com desaceleração controlada e inflação sob controle, contribui para esse movimento de queda nos juros futuros e no dólar.
Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices:
- Ibovespa: 135.608,47 (+0,32%)
- S&P 500: 5.634,56 (+1,15%)
- Nasdaq: 17.877,79 (+1,47%)
- Dow Jones: 41.174,89 (+1,14%)
- Dólar: R$ 5,47 (-1,99%)
- Euro: R$ 6,13 (-1,24%)