A recente decisão da Suprema Corte da Venezuela, que ratificou a vitória de Nicolás Maduro nas últimas eleições, reacendeu o debate sobre a transparência e a legitimidade do processo eleitoral no país. Controlada pelo chavismo, a Corte também determinou que as atas eleitorais permaneçam em segredo, levantando suspeitas sobre a real extensão da democracia venezuelana e questionando se o governo de Maduro é, de fato, intocável.
Em uma análise detalhada, o professor Marcus Vinicius de Freitas, especialista em relações internacionais, avaliou o impacto dessa decisão, destacando que a consolidação do poder chavista ao longo dos anos tornou praticamente impossível qualquer mudança significativa no cenário político venezuelano. “A ratificação da vitória de Maduro era esperada, dado o controle absoluto que o chavismo exerce sobre as principais instituições do país. Isso dificulta qualquer tentativa de alteração no status quo”, explicou Freitas.
A comunidade internacional, especialmente a União Europeia, tem se manifestado contra o resultado das eleições na Venezuela, declarando que não reconhecerá o governo de Maduro sem a devida transparência nas provas de sua vitória.
No entanto, Freitas argumenta que as sanções econômicas, historicamente utilizadas para pressionar regimes autoritários, raramente produzem o efeito desejado. “Se sanções fossem eficazes na derrubada de governos, o regime cubano já teria sido substituído há décadas. O mesmo pode ser dito sobre a Coreia do Norte, o Irã e, mais recentemente, a Rússia, que conseguiu manter sua economia mesmo sob intensa pressão internacional”, observou o professor.
As consequências dessas sanções, segundo Freitas, tendem a ser mais devastadoras para a população do que para o governo em si. Com a economia venezuelana já em colapso, novas sanções poderiam agravar ainda mais a situação, sem garantir uma mudança de poder. Ele também sugere que a única forma de evitar a perpetuação de Maduro no poder seria uma ampla anistia para os membros do governo, o que lhes permitiria sair sem enfrentar represálias, ou, em um cenário mais extremo, uma rebelião militar dentro das forças armadas.
Enquanto a Venezuela se afunda em uma crise política e econômica cada vez mais profunda, a questão permanece: o governo de Maduro é realmente intocável?