O recente acordo firmado entre o Supremo Tribunal Federal (STF), o Governo Federal e o Congresso Nacional em relação às emendas parlamentares é, na visão de especialistas, uma trégua temporária que não resolve os problemas estruturais do sistema político brasileiro.
O analista de economia e política Miguel Daoud foi um dos convidados do programa de hoje do BM&C News, e destacou o acordo possa trazer alguma estabilidade momentânea, ele não aborda as tensões subjacentes entre os poderes.
Segundo Daoud, o acordo foi uma tentativa de “colocar ordem na casa” diante da crescente insatisfação entre os três poderes. Contudo, ele alerta que o acordo não trará mudanças significativas para a população. “Não vai mudar absolutamente nada para o povo”, afirmou Daoud.
O analista também destacou a pressão política enfrentada pelo presidente Lula, especialmente por parte do PT, para direcionar as emendas a projetos de infraestrutura que possam aumentar a popularidade do governo antes das eleições municipais. No entanto, o convidado foi enfático ao afirmar que essas obras não serão concluídas a tempo e que o Executivo continua sequestrado pelas emendas parlamentares, o que limita sua capacidade de gestão do orçamento.
A participação do STF nesse acordo foi abordado na conversa. Para Daoud, o fato de o Judiciário ter mediado a disputa entre Executivo e Legislativo reflete a instabilidade política atual e a falta de governança efetiva no país. “Essa volatilidade no sistema financeiro decorre da falta de capacidade de entendimento dos poderes”, comentou.
Por fim, o analista argumentou que a situação atual evidencia a necessidade de reformas profundas no estado brasileiro, incluindo reformas política e administrativa, que poderiam realinhar as funções dos poderes e garantir uma gestão mais eficiente dos recursos públicos. No entanto, Daoud demonstrou pessimismo quanto à possibilidade de tais reformas ocorrerem em breve, considerando a resistência das lideranças políticas em abrir mão de seus privilégios.
