O Brasil enfrenta um desafio crescente em garantir o abastecimento de energia durante o horário de pico, especialmente entre 18h e 19h, quando a demanda por eletricidade atinge seu auge. Esse cenário tem se agravado devido à combinação de fatores como a seca severa na região Norte e a queda acentuada na geração solar ao final do dia, gerando preocupação entre as autoridades do setor.
A estiagem prolongada tem afetado drasticamente a capacidade de produção de grandes usinas hidrelétricas na Amazônia, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Essas usinas, fundamentais para o abastecimento nacional, estão entregando volumes de energia significativamente abaixo do esperado, o que agrava a situação no horário de ponta. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) relatou ao Ministério de Minas e Energia (MME) que a escassez hídrica está comprometendo a segurança do sistema, especialmente durante os momentos de maior demanda.
Proposta de Antecipação do Suprimento da Termopernambuco

Diante desse cenário crítico, o ONS sugeriu uma medida emergencial: a antecipação do início de operação da usina Termopernambuco, que faz parte do grupo Neoenergia. Inicialmente planejada para começar a fornecer energia ao sistema em 2026, a usina pode ser ativada já em outubro deste ano. Essa antecipação visa aumentar a oferta de energia firme e confiável, crucial para evitar blecautes em momentos críticos.
A geração solar, que durante o meio-dia pode chegar a quase 30 gigawatts, despenca drasticamente ao final da tarde, coincidindo com o horário de maior consumo. Essa variação, combinada com a instabilidade na geração eólica, que depende da intensidade dos ventos, torna o sistema elétrico ainda mais vulnerável. Em resposta, o ONS tem recorrido ao acionamento de usinas térmicas para garantir a segurança do suprimento, mas essa solução eleva os custos operacionais e impacta diretamente o preço da energia no mercado.
Medidas Adicionais e Análises da Aneel
Além da antecipação da Termopernambuco, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) está revisando o custo variável unitário (CVU) para outras usinas que possam ser acionadas em situações de emergência. A Aneel também trabalha na melhoria do programa de Resposta da Demanda, que incentiva grandes consumidores de energia, como indústrias, a deslocar seu consumo para horários de menor demanda.
O Brasil está em um momento delicado em termos de segurança energética. As medidas propostas pelo ONS e a colaboração do governo e da Neoenergia são passos importantes para evitar um colapso no sistema elétrico durante os horários de maior demanda. A antecipação de projetos e o aprimoramento das estratégias operacionais são cruciais para enfrentar os desafios impostos pela seca e pela variabilidade das fontes renováveis.