O pregão desta quinta-feira (15) mostrou fortes emoções para a empresa varejista Americanas (AMER3). Os investidores estavam de olho nos tão aguardados balanços de 2023 e do primeiro semestre de 2024, finalmente divulgados após diversos adiamentos. Esta publicação era crucial para entender a atual situação financeira da companhia, que passa por um dos maiores escândalos contábeis do Brasil.
Adicionalmente, hoje também marcou o fim do bloqueio de papéis resultantes da conversão de débitos no aumento de capital da Americanas. Com isso, cerca de 9 bilhões de ações nas mãos dos credores agora podem ser negociadas na bolsa. Esse afrouxamento nas negociações adicionou ainda mais volatilidade ao cenário já instável da empresa.
Ações da Americanas Despencam
Mesmo com a volatilidade esperada, o tamanho da queda das ações surpreendeu. Após um longo período em leilão, os papéis da Americanas chegaram a despencar mais de 70%, valendo menos de R$ 0,10. Esta cotação marcou uma nova mínima histórico para os papéis, que encerraram o dia em queda de 57,5%, fechando a R$ 0,14.
- Receita líquida: R$ 6,8 bilhões (-2,6% a/a)
- Ebitda: R$ 1,34 bilhão, revertendo as perdas de R$ 1,18 bilhão do 1S23
- GMV total: R$ 10,1 bilhões (-9% a/a)
- Dívida líquida: R$ 38,879 bilhões, piora de 16,2% sobre o consolidado de 2023

Qual o Impacto dos Balanços na Situação da Americanas?
O balanço consolidado de 2023 da Americanas, publicado ontem, trouxe um prejuízo acumulado de R$ 2,272 bilhões, uma redução de 82,8% comparado aos R$ 13,22 bilhões registrados em 2022. Embora ainda negativo, este número é parte de uma trajetória de recuperação após a descoberta da fraude contábil. A dívida líquida da empresa também aumentou, chegando a R$ 33,45 bilhões, uma alta de 20,8% em relação ao ano anterior.
Segundo a varejista, os resultados de 2022 foram profundamente impactados pela crise financeira e pela redução de receitas, além de custos adicionais para investigação e recuperação judicial. Esses fatores foram parcialmente compensados por impactos tributários.
Quais as Perspectivas para o Futuro da Americanas?
Em uma teleconferência realizada hoje, o CEO da Americanas, Leonardo Coelho, destacou que a dívida da empresa é uma das menores entre os grandes varejistas atualmente, situando-se em R$ 1,6 bilhão pós-recuperação judicial. Camille Faria, diretora financeira, afirmou que as estimativas para o caixa e recebíveis estão em R$ 2,2 bilhões e que possível venda de ativos pode auxiliar no abatimento da dívida bruta.
Confira a nova composição acionária da Americanas após o aumento de capital:
- Hortifruti Natural da Terra
- Uni.Co (Imaginarium e Puket)
- AME (serviço de pagamentos e cashback)
- Propostas não solicitadas pela Shoptime e Submarino
No entanto, as perspectivas de M&A (fusões e aquisições) para os principais ativos da Americanas, como o Hortifruti Natural da Terra e a Uni.Co, não apresentam novidades. A venda desses ativos ainda não foi retomada. Já para o serviço AME, há a possibilidade de venda do CNPJ, uma estratégia que pode liberar capital adicional.
Como a Situação da Americanas Chegou a Este Ponto?
A Americanas foi protagonista de um dos maiores escândalos contábeis do mercado de capitais do Brasil. Em janeiro de 2023, a varejista entrou em recuperação judicial devido ao agravamento da sua situação financeira. Na época, a dívida da empresa somava R$ 43 bilhões. Após a revelação das fraudes contábeis, confirmaram-se prejuízos e inconsistências financeiras absurdas.
Desde então, a Americanas tem tentado reestruturar suas finanças e recuperar a confiança do mercado, mas os desafios são enormes. O balanço de 2023, bem como os resultados do primeiro semestre de 2024, mostram que a varejista ainda tem um longo caminho a percorrer.
Em meio a tantos altos e baixos, o que resta saber é como a Americanas irá lidar com os problemas de sua história financeira recente, enquanto procura novas oportunidades e soluções para se recuperar e prosperar novamente.