O Ibovespa fechou novamente em alta nesta terça-feira (13), com investidores avaliando com lupas os dados de julho do índice de preços ao produtor (PPI) dos EUA, que vieram abaixo do esperado e pode ser usado como pista sobre a trajetória de juros por lá. Por aqui, o setor de serviços brasileiro mostrou a força da atividade econômica doméstica.
Segundo a avaliação de Anderson Silva, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, o mercado de ações do Brasil vem demonstrando uma forte resiliência nos últimos períodos. Se, por um lado, não tínhamos observado uma valorização do preço dos ativos na bolsa, por outro, a cada divulgação de resultados, vemos o quanto a maioria dos gestores das grandes empresas brasileiras estão preparados para lidar com um cenário adverso e conseguem apresentar resultados interessantes, na maioria das vezes, pouco abaixo do consenso, em linha ou até mesmo surpreendendo o mercado. E isso não é de hoje. Todos sabemos como é hostil o ambiente para o empresariado no Brasil.

Um fato que tem me chamado a atenção de um tempo para cá é a interpretação dos resultados das empresas. Mais do que olhar para um número, cada vez mais os investidores olham para o “potencial”. Às vezes, um resultado não tão bom em um trimestre ou até mesmo em um semestre não significa que a empresa não terá um bom desempenho dentro do ano ou nos próximos anos, e os investidores estão lidando melhor com esses dados. Esse é o motivo pelo qual o IBOV teve seu sexto dia de alta consecutiva.
Isso pode ser observado nos ativos que lideraram as altas do IBOV hoje como CMIN3, IRBR3, CSNA3 e JBSS3. Por outro lado, esse maior entendimento dos motivos dos resultados das empresas acaba punindo outras que não conseguiram transmitir aos investidores essa credibilidade no futuro. É o caso de NTCO3, COGN3 e YDUQ3, que estão entre as maiores quedas do IBOV no dia de hoje. Portanto, a interpretação dos dados divulgados pelas empresas tem ganhado cada vez mais importância para o investidor, tanto brasileiro quanto internacional.
Pelo lado do câmbio, a balança comercial teve um superávit de mais de 7,6 bilhões em julho. Embora inferior ao mesmo período do ano passado, é um resultado importante e faz com que o dólar arrefeça seu ímpeto de alta.
Além disso, vemos que o Banco Central continua firme em sua missão de manter a inflação dentro da meta e sinaliza que não descarta até mesmo um aumento na taxa de juros em algum momento. Isso traz maior credibilidade para o Brasil no que diz respeito à questão monetária. Ademais, o discurso dos membros do COPOM, estando todos alinhados, inclusive os indicados pelo atual governo, diminui um pouco as críticas do governo ao Banco Central e acalma os ânimos do mercado, o que acaba refletindo também em um menor prêmio de risco exigido nas curvas futuras de juros.
Confira os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices:
- Ibovespa: 132.397,97 (+0,98%)
- S&P 500: 5.434,43 (+1,68%)
- Nasdaq: 17.187,61 (+2,43%)
- Dow Jones: 39.765,64 (+1,04%)
- Dólar: R$ 5,44 (-0,85%)
- Euro: R$ 5,99 (-0,25%)