Um estudo recente, apresentado no Congresso da Academia Europeia de Neurologia em Helsinque, trouxe novas preocupações sobre o efeito de pesadelos frequentes em adultos de meia-idade e mais velhos. Conduzida por pesquisadores do Imperial College London, a pesquisa sugere uma conexão significativa entre a frequência de sonhos ruins e um aumento no risco de declínio cognitivo e demência.
Os dados analisados vieram de um grupo de 2,6 mil indivíduos. Aqueles que reportaram ter pesadelos semanais apresentaram uma probabilidade quatro vezes maior de enfrentar declínios em sua capacidade cognitiva. Mais alarmante ainda, o estudo também apontou que o risco de demência nesse grupo era 2,2 vezes maior em comparação com aqueles que não sofriam com pesadelos frequentes.

Por que os pesadelos podem ter um impacto tão significativo na saúde cerebral?
As hipóteses para explicar essa relação ainda estão em investigação, mas algumas possibilidades intrigantes surgem:
- Sono perturbado: Pesadelos frequentes podem fragmentar o sono, reduzindo o sono profundo e restaurador. Essa privação do sono de qualidade pode prejudicar o funcionamento cognitivo e aumentar a vulnerabilidade a doenças neurodegenerativas como a demência.
- Sinal de alerta cerebral: Pesadelos vívidos e perturbadores podem ser um sinal precoce de alterações no cérebro, relacionadas a doenças como a demência. Nesses casos, os pesadelos podem refletir o acúmulo de proteínas anormais, como beta-amiloide e tau, no cérebro, características da doença de Alzheimer.
- Fator de risco independente: Estudos sugerem que pesadelos frequentes podem ser um fator de risco independente para demência, mesmo após considerar outros fatores como idade, sexo, nível educacional e histórico familiar. Isso significa que ter pesadelos frequentes pode aumentar o risco de demência, mesmo para aqueles que não possuem outros fatores de risco conhecidos.
Quais fatores conduzem aos pesadelos?
Os pesadelos podem ser desencadeados por vários fatores, como filmes de terror assistidos antes de dormir, estresse ou ansiedade. No entanto, o estudo sugere que há também uma causa genética relevante que predispõe certos indivíduos a experienciar esses sonhos perturbadores com maior frequência.
Como Lidar com os Pesadelos?
Algumas medidas que podem ajudar a reduzir a frequência dos pesadelos:
- Adotar bons hábitos de sono: Estabelecer horários regulares de sono e acordar, criar um ambiente relaxante para dormir, evitar cafeína e álcool antes de dormir e praticar exercícios físicos regularmente.
- Gerenciar o estresse: Técnicas de relaxamento como meditação, yoga ou respiração profunda podem ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade, que podem contribuir para os pesadelos.
- Procurar ajuda profissional: Se os pesadelos causarem sofrimento significativo ou interferirem na vida cotidiana,um psicólogo ou terapeuta pode auxiliar no tratamento usando técnicas como terapia cognitivo-comportamental.
Compreender a relação entre pesadelos e declínio cognitivo/demência pode ser crucial para prevenir ou retardar o início da doença. Ao estarmos atentos aos sinais do nosso corpo e buscarmos ajuda profissional quando necessário, podemos cuidar da nossa saúde cerebral e ter um futuro com mais qualidade de vida.