O modelo de pagamento instantâneo brasileiro tem influenciado países da América Latina. No sistema Pix o Banco Central, as instituições financeiras e o setor privado de atuam maneira colaborativa. De acordo com a autarquia, em 2023 os brasileiros movimentaram cerca de R$ 17 trilhões via Pix, o que representa um aumento de 57,8% comparado ao ano anterior, quando as movimentações totalizaram R$ 10,89 trilhões. Do início das transferências até 31 de outubro de 2023, foram realizadas 66,5 bilhões de transações.
“Há uma crescente colaboração e troca de experiências entre os países latino-americanos com o intuito de estabelecer padrões regionais para os pagamentos instantâneos e o trinômio conveniência, segurança e eficiência impulsiona esta demanda. A ideia é que os protocolos de interoperabilidade facilitem a integração entre os diferentes métodos de transferência instantânea como forma de promover e fomentar o ecossistema financeiro regional”, diz Jorge Iglesias, CEO daTopaz, empresa de tecnologia especializada em soluções financeiras digitais da América Latina.
Evolução nos países vizinhos
Em relatório divulgado recentemente pelo PagSeguro, empresa de pagamentos internacionais do PagBank, o Pix mostrou resultados notáveis em 2023, atingindo 168 milhões de transações em um único dia e representando 17% de todas as vendas on-line na América Latina, com tendência de crescimento para 19% entre 2023 e 2026.
Na Colômbia, por exemplo, o Banco de la República utiliza o Pix como referência e adota uma postura de interlocutor do movimento de inovação com uma pauta em constante evolução, como no sistema brasileiro. Modelos similares também acontecem no México e Peru. Já em outros países como Equador e Uruguai, os bancos centrais têm um perfil mais regulador, deixando que as instituições financeiras definam entre elas a melhor maneira de se comunicarem para adoção do sistema de pagamento instantâneo, ecossistema que permite aos clientes compartilharem, de maneira segura, seus dados financeiros com terceiros em busca de produtos e serviços mais convenientes e com custos mais baixos em comparação com os métodos de pagamento tradicionais.
“O modelo brasileiro mostra o quanto estamos na vanguarda da inovação financeira, permitindo ao Brasil exportar tecnologia e conhecimento que poderão ser replicados em outros países. A utilização da Inteligência Artificial e de modelos conversacionais dará um impulso ainda maior aos serviços financeiros do futuro, que deverão integrar Pix, Open Finance e Real Digital para garantir mais eficiência e segurança nas transações”, analisa Iglesias.
Para ele, a evolução do Pix serve de exemplo para outros países da região e emerge como um catalisador fundamental na redefinição do setor financeiro em toda a América Latina, com capacidade de estimular a criatividade e a diversificação dos negócios, e conectá-lo com plataformas dos países vizinhos pode ser o início de uma escalada global para facilitar as transações internacionais. “Além disso, tende a ser um grande benchmarking para regulações e tecnologia em outros países que desejam acelerar a migração aos pagamentos instantâneos – tudo isso baseado em inovação tecnológica e na criação de um arcabouço regulatório, que promova a segurança e a eficiência dessas transações em constante evolução”, conclui.
