A recente política protecionista dos Estados Unidos, liderada pelo ex-presidente Donald Trump, incluiu a imposição de tarifas de até 61% sobre produtos chineses. Essa medida, embora projetada para proteger a indústria doméstica, pode ter um impacto significativo na inflação americana, elevando os custos de importação e, consequentemente, os preços para os consumidores.
No entanto, as repercussões dessa estratégia vão além das fronteiras dos Estados Unidos, afetando as relações comerciais globais. Com a imposição de tarifas mais altas, a China pode redirecionar seus produtos para outros mercados emergentes, como o Brasil. Isso pode, paradoxalmente, fortalecer a posição econômica da China ao expandir sua influência em novos territórios.
O comércio internacional é muitas vezes visto como um jogo de soma zero, onde o ganho de um país é a perda de outro. No entanto, essa visão simplista não leva em consideração os benefícios econômicos de longo prazo. Quando um país consegue exportar produtos a preços mais baixos, mesmo que outro país perca essa oportunidade, o controle dos preços globais pode ser mais eficaz, beneficiando os consumidores com produtos mais acessíveis.
A postura agressiva dos EUA em relação à China não se limita às tarifas. Sob a administração de Joe Biden, essa estratégia foi mantida e até intensificada, com restrições mais severas em trocas tecnológicas. Esse ambiente criou uma divisão global, onde países são forçados a escolher entre fazer negócios com os EUA ou com a China. O Brasil, por exemplo, tem oscilado entre esses dois gigantes, correndo o risco de ficar isolado se não tomar uma posição clara.
A iniciativa chinesa “Belt and Road”, lançada em 2013, exemplifica essa expansão. A China investiu mais de 1 trilhão de dólares em infraestruturas globais, como portos e ferrovias, particularmente em regiões da África e Ásia. Esses investimentos frequentemente resultam em uma dependência econômica dos países receptores, que muitas vezes enfrentam dificuldades de gestão e corrupção. Como resultado, a China ganha influência ao assumir operações estratégicas nesses locais.
Essa dinâmica cria um paradoxo: enquanto a China amplia sua presença global e fortalece suas relações com países em desenvolvimento, a economia americana continua sendo um mercado atraente devido ao seu alto poder de consumo. A guerra comercial entre EUA e China, portanto, não é apenas uma disputa de tarifas, mas uma complexa reconfiguração de influências econômicas e políticas globais.
O protecionismo dos EUA visa conter o avanço econômico da China sem recorrer a conflitos militares, mas também coloca em xeque a globalização como a conhecemos. A longo prazo, o mundo pode ver um equilíbrio de poder diferente, onde novas alianças e dependências econômicas redefinem o cenário global.