Segundo a análise de Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, o principal gatilho de queda no Ibovespa hoje é a baixa no preço nas commodities, que pesa também no real em paralelo à outras moedas de emergentes ligadas às commodities, que acumulam perdas em relação a paridade com o dólar.
Frente à queda do preço do petróleo e do minério de ferro, Petrobrás, Vale e Prio lideram os volumes negociados na bolsa com quedas superiores a 1%, com o mesmo movimento observado nas pares como PetroReconcavo, 3R Petroleum, Gerdau e CSN Mineração.
O resultado do PIB brasileiro divulgado hoje, com alta acima das expectativas do mercado, também impacta a curva futura de juros que observa leve alta em todos os vértices, o que também impacta negativamente o Ibovespa nos setores de consumo enquanto, por outro lado, parece trazer algum gatilho de leve alta ao papeis do Itaú e Bradesco, figurando também no ranking dos maiores volumes negociados hoje, mas sem valorização expressiva de preço.
Com volume diário de negociação abaixo da média dos últimos meses, o Ibovespa acumula mais um dia de queda acentuando a queda vista desde o mês de abril, que após leve recuperação no fim do mesmo mês intensificou as quedas com saída forte de capital estrangeiro e institucional. Os fluxos divulgados hoje pela B3 indicam saída de R$ -1,6 bi de capital estrangeiro e R$ -3,1 bi de institucional no mês de maio, frente ao investidor pessoa física que sustenta algum fluxo positivo em R$ 2,4 bi no mês. Ontem e hoje vemos uma continuidade desse fluxo de saída, com alta expressiva do dólar acentuada pelo impacto do preço das commodities nos papeis de maior volume na bolsa brasileira.
No exterior, a curva de juros americana e o S&P registram quedas com dados de atividade mais fracos no resultado dos índices do mercado de trabalho, mas não o suficiente para conter o fluxo positivo do dólar, que continua atraindo capital com os juros futuros em patamares elevados, apesar do fechamento da curva no intradiário, refletido por dados positivos do ponto de vista de possibilidade de corte das Fed Fund Rates.
A maior alta de hoje fica com a SLCE3, aparecendo como uma boa opção em um mercado em queda frente a elevação de recomendação por parte de algumas casas de análise, que avaliam as perspectivas para a safra 2023/2024 como melhores do que as projeções precificadas no papel. A Embraer (EMBR3) também fica em destaque de alta após acordo de R$ 7 bilhões com aérea estatal mexicana para venda de 20 aeronaves.
Além da queda dos preços das commodities que impacta papeis como a BRFS3, com uma das maiores quedas do dia, RRRP3, em quarto lugar, além de VBBR3, BEEF3 e RAIZ4, que também figuram na lista, vemos um impacto em papeis de varejo, como BHIA3, MGLU3, CEAB3, PETZ3, PCAR3 e LREN3, impactados pela alta da curva de juros futura, negativa para o cenário de consumo cíclico com o custo de crédito mais alto, mas também com peso maior em papeis como BHIA3 e MGLU3, por conta da alta alavancagem financeira das empresas.
Dólar sobe frente a um fluxo de capital negativo na bolsa brasileira frente à queda no preço das commodities, em paralelo a outras moedas emergentes também fortemente ligadas às commodities.
Ainda assim, o fluxo nos juros futuros no Brasil é positivo, na minha visão, e de abertura na curva, frente aos dados do PIB acima do esperado.
Confira abaixo o fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 121.802,06 (-0,19%)
- S&P 500: 5.291,31 (+0,15%)
- Nasdaq: 16.857,05 (+0,17%)
- Dow Jones: 38.711,09 (+0,36%)
- Dólar: R$ 5,28 (+0,98%)
- Euro: R$ 5,75 (+0,08%)