O ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal tomou uma decisão importante na última terça-feira. Ele suspendeu os efeitos de uma lei municipal em Ibirité, Minas Gerais. Esta lei proibia o uso e o ensino de linguagem neutra nas escolas da cidade, tanto públicas quanto privadas. A decisão foi tomada no contexto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1.155.

(Imagem: Internet).
Por que municípios não podem legislar sobre currículo escolar?
A sentença de Moraes destaca que os municípios não têm autoridade para legislar sobre currículo escolar. Competências como conteúdo programático e metodologias de ensino são de responsabilidade exclusiva da União. O ministro argumentou que uma suplementação da legislação federal para interesses locais nunca deveria resultar na proibição de conteúdos pedagógicos específicos, caracterizando uma ingerência indevida na autonomia das instituições educacionais.
Impacto da Lei e Reações
A lei de Ibirité definiu a linguagem neutra como alterações nos padrões linguísticos que determinam gênero na Língua Portuguesa, buscando anular ou deixar indeterminados o masculino e o feminino. As consequências para os infratores incluiriam sanções administrativas e possíveis responsabilizações civis e penais.
Essa medida provocou reações de diversas entidades, incluindo a Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas, que apresentaram a ADPF. Eles defendem que a lei impõe um tipo de censura e prejudica a liberdade de expressão, assim como o direito ao ensino e à aprendizagem.
Questionamentos semelhantes em outras regiões
Além de Ibirité, outras ADPFs foram apresentadas contra leis similares em várias cidades brasileiras. Estes processos estão tentando combater restrições semelhantes ao uso da linguagem neutra, ilustrando um movimento mais amplo de questionamento sobre as práticas educacionais que respeitam a diversidade e a inclusão nas escolas do país.
Outros casos pelo Brasil
- Águas Lindas de Goiás-GO
- Balneário Camboriú-SC
- Belo Horizonte-MG
- Petrópolis-RJ
- Porto Alegre-RS
Alexandre de Moraes e sua decisão recente reforçam o papel do STF na garantia de educação inclusiva e na defesa da autonomia dos currículos escolares frente a legislações municipais que buscam impor restrições de conteúdo baseadas em normas de gênero. Cabe agora esperar os desdobramentos nos outros casos similares que estão em análise no Supremo Tribunal Federal.