
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reforçou, na manhã desta terça-feira (22), sua inclinação a uma alta mais acelerada da taxa básica de juros (Selic) no curto prazo, indicando na ata da última reunião que avaliou a possibilidade de elevar a taxa de forma mais intensa naquele encontro. Diante disso, os investidores avaliam a possibilidade de mirar em investimentos de renda fixa.
Leia também:
- Vale se compromete a recuperar 500 mil hectares de florestas até 2030
- Dogecoin e Bitcoin: quais os rumos das criptos após quedas acentuadas?
Em entrevista exclusiva à BM&C News, o professor de finanças, Giácomo Diniz, analisou cenário: “Para o investidor decidir, sair da renda variável e eventualmente voltar para a renda fixa, ele tem que se preocupar mais com a curva de juros do que com a Selic”, diz o professor. Giácomo também explicou que o aumento da taxa básica de juros mostra estresse do mercado e com um título pré-fixado o investidor pode sofrer com a marcação a mercado.
Por isso, para que seja interessante olhar para a renda fixa, Giácomo acrescenta que o melhor momento é com um maior controle da inflação. “A ideia de que o risco fiscal deve diminuir um pouco, isso vai achatar a curva de juros. Quando achatar a curva de juros em um patamar onde a Selic já está mais ancorada com a meta de inflação, eu acho que essa é a hora de que o investidor pode se fazer algumas posições pré-fixadas”, avaliou.
Por fim, o professor analisou que ainda prevê uma precificação de cunho inflacionário. Por isso, é um momento para o investidor refletir. “Isso é uma associação de patamares mais altos de juros principalmente juros pré-fixados associada a uma estabilização de um processo de alta da Selic”.
Projeção da taxa Selic e PIB
Tarik Migliorini, economista-chefe da Versa Asset, repercutiu a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e falou da visão da empresa para a taxa Selic. “Desde o início do ano a gente já olhava o Focus e já imaginava que o IPCA fechasse esse ano em 3% e que a Selic ia fechar também próxima a 3%. O que a gente viu de lá pra cá foram várias surpresas como a inflação, o BC e o mercado reajustando a expectativa de juros até chegar na casa dos 6,5%, que é a expectativa consensual para o final deste ano”, analisou.
“Começou com o dólar, depois veio o choque de commodities, aumento de preços, os choques foram se mostrando mais persistentes e depois a atividade econômica anda surpreendendo. Esperava-se crescimento de 3% esse ano agora está esperando algo próximo de 5”, completou na análise, Tarik.
Já a expectativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a Versa Asset prevê crescimento de 5% e até 6% ao ano. “Dois vetores animam a gente para crescimento: primeiro são os juros relativamente baixos e o outro seria o crescimento mundial e a subida das commodities, que tem uma baita correlação com o crescimento aqui do Brasil”, disse Tarik.
“Pensando para o ano que vem, a gente já é mais cauteloso. Hoje o consenso está na casa dos 2% do PIB. A gente diria que não tem como fugir disso, eventualmente, e pode até decepcionar um pouco. Isso acontece porque um dos vetores importantes que a gente está vendo é que o juros vai chegar em um patamar neutro nos próximos meses e o preço de commodities subiu muito agora”, disse.