O Cadastro Único (CadÚnico), ferramenta essencial para a implementação de políticas sociais no Brasil, passará por uma significativa transformação com a integração dos dados coletados pelo Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta mudança visa aprimorar a precisão e a eficácia no atendimento às populações mais vulneráveis do país.
Como a atualização do CadÚnico potencializa o alcance dos programas sociais?

Segundo Letícia Bartholo, secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do Ministério do Desenvolvimento, Assistência Social, Família e Combate à Fome, um dos principais benefícios dessa integração é a capacidade de realocar recursos de maneira mais direcionada. “A união entre os dados do CadÚnico e as informações de endereços proporcionadas pelo IBGE permite uma abordagem mais precisa e, consequentemente, mais efetiva na gestão das políticas sociais”, explica Bartholo.
Até julho deste ano, cerca de 80% do CadÚnico será atualizado com informações detalhadas de cada setor censitário do país, englobando aproximadamente 300 domicílios por setor. Esta etapa é crucial para a adequada distribuição de benefícios e serviços.
O que é georreferenciamento e como ele contribui para as políticas sociais?
Uma das técnicas empregadas nessa junção de dados é o georreferenciamento, que consiste na demarcação das coordenadas geoespaciais de imóveis em todo o território nacional. Essa metodologia foi aplicada de forma abrangente durante o último Censo e se mostra fundamental para que o governo possa acessar e analisar informações pontuais sobre as diversas áreas do Brasil.
Quais são os impactos observados com a renovação do CadÚnico?
Os efeitos dessa inovação já são notáveis, especialmente na redução da fome e na insegurança alimentar. Letícia Bartholo destaca o sucesso nas atualizações do CadÚnico realizadas pelo governo no último ano, apontando uma redução significativa no número de pessoas em situação de fome. Em 2023, foi registrado um total de 8,671 milhões de pessoas nesta condição, marcando uma queda de 15,7% em relação ao período de 2017-2018.
“Essa otimização não apenas ajustou a focalização dos programas como também contribuiu diretamente para a melhoria da qualidade de vida de milhões de brasileiros”, afirma Bartholo.
Quais benefícios adicionais esta integração traz?
A longo prazo, a combinação de dados do CadÚnico com os setores censitários do IBGE permitirá ao governo não apenas uma visão mais clara das condições de pobreza em cada município, mas também aprimorará a construção de indicadores de vulnerabilidade, essenciais para o planejamento de futuras políticas públicas. Esse processo marca um avanço importante na forma como os recursos são utilizados e distribuídos, garantindo que aqueles que realmente necessitam recebam o suporte adequado do Estado.