O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (16). Hoje o movimento de queda foi tão forte que não teve China que segurasse a bolsa brasileira. Embora o PIB chinês tenha vindo acima do esperado, o Ibovespa operou no vermelho diante da deterioração de cenário para corte dos juros nos EUA e aumento da percepção de risco fiscal no Brasil.
Segundo análise de Pedro Marinho Coutinho, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o mercado operou refletindo esse receio de que o FED não derrube os juros em breve. Na verdade, a gente vinha discutindo já há bastante tempo quantos cortes seriam, qual seria a intensidade desse corte, quando iria começar a cortar. E tudo isso tem mudado um pouco por conta do último número de inflação americana que veio muito forte.
A economia lá continua muito forte também e, principalmente, temos a questão geopolítica agora, esse conflito Irã-Israel que estourou e não sabemos o tamanho disso, se isso vai continuar, se não vai. Mercado está de olho e com receio de que o FED venha com um discurso mais hawkish em relação a essa questão dos cortes. Mercado já especula a manutenção e tem um grande receio de que o FED tenha que aumentar juros ao longo do tempo para que essa inflação tenha convergência para os 2%. Isso é um receio nem grande.

Por outro lado, o Banco Central Europeu deve cortar juros em junho. Temos outros bancos centrais iniciando o ciclo de corte. Aqui a gente tem o nosso Copom agora com o mercado especulando se o ciclo vai continuar ou não com a mesma força que estava. A gente teve a mudança das metas ficais ontem que já trouxe instabilidade para o mercado também. De fato, as preocupações com a questão fiscal é o que pega no momento. A gente tem um dólar muito forte frente às moedas emergentes, o real está sofrendo bastante, e não se sabe quanto isso vai pegar nos preços. A gente tem um cenário com o mercado especulando que o petróleo possa voltar para a casa dos 100 dólares.
No dia de hoje, por conta de toda essa questão fiscal, a gente tem aqui os ativos cíclicos performando mal, em sua grande maioria, como Assai, Alpargatas e Hapvida também performando mal. Eztec, que veio com dados operacionais sólidos, sobe na casa dos 4%. MRV também trouxe os dados operacionais, que o mercado acabou não achando tão bons e ficou com medo da queima de caixa que a empresa apresentou, mas como de acordo com o mercado, a empresa está muito barata no mercado hoje, o papel acaba subindo e virou para o lado positivo.
Acredito que a nossa curva de juros passa por um estresse aqui muito por conta dos próximos movimentos do Copom, o mercado especulando o que o Copom vai fazer, essa mudança de meta, questão fiscal, tudo isso tem mexido bastante. Também há estresse na curva americana com todas essas instabilidades. Isso mexe com o mundo inteiro. O mercado agora espera as próximas falas e as próximas decisões do Powell, do FED e também os próximos dados que o mercado possa apresentar, além dos desdobramentos da guerra também.
Então a gente tem um cenário um pouco pior no momento, a gente tem uma aversão a risco maior. Com isso a gente vê, como eu falei, um dólar muito forte, o dólar sempre foi porto seguro e a economia lá continua muito forte. O dólar está performando frente às outras moedas muito bem. Acho que todos os presidentes dos bancos centrais estão de olho no que pode acontecer, não só o nosso, mas como todos ao redor do mundo e qualquer mudança um pouco mais forte de caminho pelo FED ou qualquer estouro de guerra. Isso pode mudar as as projeções e é o que a gente tem visto aqui com algumas casas revisando projeção de Selic final, projeções de corte por parte do FED, tudo isso. Então o mercado realmente vive um momento de um pouco mais de aversão a risco.
Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 124.388,62 (-0,75%)
- S&P 500: 5.051,33 (-0,21%)
- Nasdaq: 15.865,25 (-0,12%)
- Dow Jones: 37.798,64 (+0,17%)
- Dólar: R$ 5,26 (+1,61%)
- Euro: R$ 5,59 (+1,60%)