Em novo avanço nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal identifica mais um elemento que pode se configurar como prova da trama golpista. Neste domingo, em discurso realizado na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro citou a controversa minuta golpista, potencialmente selando uma nova evidência contra si. Conforme apurado por Malu Gaspar, do jornal O Globo, no discurso proferido pelo ex-mandatário, parcela da chamada minuta golpista foi usada. Para investigadores da PF, esse fato pesa significativamente contra o ex-capitão.
Discurso reforça conhecimento e acesso à minuta golpista

Durante sua manifestação na Avenida Paulista, Bolsonaro se referiu à minuta golpista como um ato constitucional, que previa o implante de um Estado de Defesa com amparo nos conselhos da República e da Defesa. Suas palavras indicaram não só o conhecimento, mas também o acesso ao polêmico documento. Afirmou o ex-presidente: “O golpe é porque tem uma minuta de um decreto de Estado de Defesa. Golpe usando a Constituição? Tenham santa paciência. Golpe usando a Constituição”. E prosseguiu: “Deixo claro que Estado de Sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da Defesa. Isso foi feito? Não”.
Avaliação dos investigadores
Para os agentes da Polícia Federal vinculados ao caso, o discurso do ex-presidente demonstra o seu conhecimento acerca do planejamento golpista. Além disso, avaliam como uma espécie de confissão a menção à minuta do golpe. Segundo consta na mencionada minuta, havia a previsão de implantar um Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral, na tentativa de anular o resultado das urnas que consagraram o atual presidente Lula no pleito de 2022. Diante das novas provas, as investigações seguem em curso para compreender a fundo a articulação desse plano golpista durante a gestão anterior. Enquanto isso, as declarações de Bolsonaro têm sido sobejamente escrutinadas, a fim de reunir o máximo de evidências possíveis.