Segundo a análise do Leandro Petrokas, mestre em Finanças, diretor de research e sócio da Quantzed, a bolsa caiu no início dessa semana, marcada pela divulgação de diversos dados econômicos como decisão do Copom e do FED, nos EUA. Na semana passada por aqui, foi divulgado o IPCA-15 que veio abaixo das expectativas do mercado. Isso deve ajudar, na minha opinião, o COPOM a seguir o plano de cortes de 0,5% nas próximas 3 reuniões.
Acredito que a autoridade monetária brasileira deva reforçar a preocupação com o cenário internacional, haja visto os 3 conflitos mundo afora, principalmente com a elevação dos custos do frete dado os problemas no Mar Vermelho.
Adicionalmente, acredito que alguma menção deva surgir no comunicado do lado interno, com um olhar especial ao fiscal com a divulgação de números ruins (déficit acima de 230 Bi em 2023).
Na minha visão, se o executivo não apresentar propostas robustas e negociar com o legislativo a aprovação das mesmas, podemos ver uma deterioração rapida das expectativas e um eventual stress na curva de juros (DI´s) nas próximas semanas. Isso poderia pressionar o Banco Central nas futuras reuniões do COPOM.
Do lado internacional, aumentaram substancialmente as dúvidas sobre qual será a postura do FOMC. O mercado precificava na curva de juros uma queda de 1,5 a 1,75% para 2024 e agora as apostas já mostram o mercado acreditando em manutenção da atual taxa (5,25-5,50%), na próxima reunião, com expectativas variando para o primeiro corte nas reuniões de março ou maio.
O comunicado do FED após a decisão de 31/01 deve ser muito importante para eventuais sinalizações para as próximas reuniões. Aqui cabe ressaltar que membros do FED, como Waller e Mester já apresentam falas mais duras (ou Hawk) em eventos ou coletivas nas últimas semanas.
Entre as maiores quedas do dia, estão GOL com queda expressiva (mais de 14%) após divulgar que possui uma dívida de R$ 20bi até dezembro de 2023. BB investimentos cortou preço alvo da ação e passou de compra para venda.
SUZB3 cai por conta do rebaixamento do Morgan Stanley para venda, com preço alvo em R$ 47. (de R$60 anteriormente). Segundo o relatório, os preços da celulose atingiram o pico e devem começar a cair em fevereiro.
BHIA3 cai por falta de interesse do mercado no nome, com juros subindo e relatório do Citi dizendo que o case é um investimento desafiador.
Entre as altas estão ASAI3, que sobe na contramão de alguns nomes, como Pão de Açúcar e Carrefour. Como o modelo de atacarejo é bem-visto pelo mercado, parece que há um rotation de fluxo para ASAI, sem notícias especificas envolvendo o case no dia de hoje.
SMTO3 passa por movimento técnico de recuperação das ações, após uma queda de 35% entre meados de setembro/23 e início de janeiro de 2024.
Ja HYPE3 sobe com reforço da recomendação de compra do Itau BBA com preço alvo de R$ 40 (relatório divulgado na sexta, dia 26).
Enquanto isso, MGLU3 sobe com a notícia de aumento de capital privado de até R$ 1,25 bi para reforço de caixa. Papel abriu em forte alta de 7%, mas está devolvendo quase todos os ganhos da sessão. Como a subscrição foi precificada a R$ 1,95, talvez o mercado acredite que ainda haja espaço para mais quedas na ação, com eventual convergência do preço de tela para o preço de subscrição.
DÓLAR em alta contra o real. DXY opera em leve alta e sobe contra todos os pares do real (moedas do México, Turquia, Polonia, África do Sul).
JUROS sobem em toda a curva. Dados de arrecadação de 2023 geraram preocupação do mercado com o fiscal. Déficit primário superou R$ 230 bi, equivalente a 2,1% do PIB. O dado foi fortemente impactado pela liberação de pagamento de precatórios de R$ 92 bi em dezembro e é o segundo pior da série histórica iniciada em 1997.
Com um dado fiscal mais fragilizado e com tensões entre o legislativo e o executivo, o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão não agradou os membros dos partidos.
Confira o fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 128.502,66 (-0,36%)
- S&P 500: 4.928,50 (+0,77%)
- Nasdaq: 15.628,04 (+1,12%)
- Dow Jones: 38.333,45 (+0,59%)
- Dólar: R$ 4,94 (+0,71%)
- Euro: R$ 5,35 (+0,39%)