A B3 anunciou nesta quinta-feira que a Ambipar (AMBP3) será excluída de todos os índices nos quais está listada e também perderá a certificação de “ações verdes”. A medida passa a valer a partir do fechamento do dia 15 de outubro, conforme comunicado oficial da bolsa.
De acordo com a B3, a decisão está amparada no manual de definições e procedimentos de índices, que permite a exclusão de ativos quando há risco à continuidade, replicabilidade, representatividade e integridade dos índices. A companhia também perderá o selo de ações verdes por risco reputacional associado a questões ambientais, sociais e de governança (ASG).
Por que a Ambipar foi retirada dos índices?
A decisão ocorre em meio à deterioração financeira da companhia e a disputas judiciais envolvendo contratos de crédito com o Deutsche Bank.
A bolsa informou ainda que a participação da Ambipar nos índices será redistribuída proporcionalmente entre os ativos remanescentes, o que exigirá ajustes de alocação por parte de fundos e carteiras que replicam esses benchmarks.
Quais índices perdem a Ambipar?
Até o momento, a ação da Ambipar fazia parte de nove índices da B3, entre eles:
- Brasil Amplo (IBRA)
- Diversidade (IDVR)
- Governança Corporativa Trade (IGCT)
- Governança Corporativa Novo Mercado (IGNM)
- Sustentabilidade Empresarial (ISEE)
- Utilidade Pública (UTIL)
- Ações com Tag Along Diferenciado
- Ações com Governança Diferenciada
- MidLarge Cap
A exclusão da empresa desses índices pode reduzir a liquidez do papel, uma vez que fundos passivos e ETFs precisarão ajustar suas carteiras para atender às novas composições.
Crise financeira e impacto no mercado
A decisão da B3 ocorre em meio a um momento crítico para a Ambipar. A empresa enfrenta dificuldades financeiras e já acumula desvalorização expressiva no ano — em alguns momentos, superior a 90%. O movimento reflete a perda de confiança do mercado após a companhia recorrer à Justiça para suspender cláusulas contratuais com o Deutsche Bank, alegando risco de colapso financeiro.
O passivo estimado da companhia gira em torno de R$ 10 bilhões, e a operação foi interpretada por agências de classificação de risco como a Fitch como um evento análogo a default (inadimplência). Ainda assim, após o anúncio da B3, as ações da Ambipar chegaram a registrar alta intraday superior a 25%, em um movimento pontual de especulação.
O que muda para os investidores?
A exclusão da Ambipar dos índices e a perda do selo ESG têm impactos diretos sobre o mercado:
- Fundos e carteiras indexadas precisarão ajustar suas posições até o dia 15 de outubro;
- Investidores com foco em sustentabilidade podem reavaliar a exposição à companhia;
- A empresa perde visibilidade institucional e reduz o fluxo de entrada de investidores passivos;
- Em caso de agravamento da crise financeira, há risco de pedido formal de recuperação judicial.
Ambipar pode reverter o cenário?
Para reverter a situação e reconquistar a confiança do mercado, analistas apontam que a Ambipar precisará:
- Reestruturar seu passivo e renegociar dívidas com credores;
- Reforçar a transparência nas práticas de governança;
- Apresentar um plano operacional sustentável e de longo prazo;
- Restabelecer a credibilidade da marca no mercado ESG.
Apesar da pressão, especialistas afirmam que, se a empresa demonstrar consistência nas medidas de recuperação financeira e gestão, pode haver espaço para retomar parte da confiança perdida. No entanto, o processo deve ser lento e depende de sinais concretos de reestruturação.
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