O Boletim Focus desta semana reforçou a leitura de um cenário econômico de estabilidade moderada e juros persistentemente elevados. As projeções apontam leve recuo no IPCA, de 4,81% para 4,80%, enquanto o câmbio mostra valorização marginal, passando de R$ 5,48 para R$ 5,45. Já o PIB segue estável em 2,16%. A Selic, mantida em 15%, consolida o tom de cautela e indica que o ciclo de aperto monetário ainda não se encerrou. O conjunto dos indicadores sugere um 2025 de crescimento contido, mas com maior previsibilidade — condição que favorece planejamento financeiro, ajustes estruturais e decisões estratégicas mais prudentes.
Segundo João Kepler, CEO da Equity Group, o cenário mostrado pelo Focus exige disciplina e foco em eficiência. “Estamos diante de um ciclo que recompensa a consistência. A inflação dá sinais de controle, o câmbio se estabiliza e os juros altos devem permanecer por mais tempo, o que reforça a importância de liderança disciplinada e visão de longo prazo. Não é um momento para correr riscos desnecessários, e sim para fortalecer fundamentos, cortar custos e preparar o terreno para a próxima fase de crescimento”, analisa.
Eficiência e disciplina como diferencial competitivo
Para Kepler, a aparente estabilidade econômica mostrada pelo Focus não é convite ao otimismo, mas sim à estratégia. “Crescimento moderado favorece teses de eficiência e consolidação. As empresas que souberem transformar gestão eficiente em valor vão sair mais fortes desse ciclo”, afirma. Ele ressalta que, em tempos de juros altos, o custo do erro é elevado — o que torna essencial o foco em produtividade, governança e parcerias estratégicas capazes de sustentar negócios em um ambiente menos expansivo.
O mercado, por sua vez, já ajusta as expectativas. O crescimento esperado para os próximos trimestres deve ser sustentado por fundamentos sólidos, e não por estímulos pontuais. Empresas que baseiam suas operações em inovação, dados e controle de custos tendem a navegar com mais estabilidade, enquanto as dependentes de crédito abundante enfrentam uma nova seletividade — com bancos e investidores priorizando transparência e capacidade de execução.
Investidores priorizam qualidade e previsibilidade
Em um país de juros altos, o investidor busca ativos de qualidade e estruturas com fluxo de caixa consistente. Nesse ambiente, o crédito estruturado e as operações com garantias sólidas ganham relevância, enquanto projetos de risco elevado perdem espaço. A avaliação de Kepler é que o atual ciclo representa uma oportunidade para maturação do mercado empresarial brasileiro. “Para os empreendedores, a mensagem é disciplina e governança como ‘moeda forte’ até a curva começar a precificar cortes de 2026, sem perder o timing de construir parcerias estratégicas”, pontua.
Um ciclo de maturidade empresarial
O CEO da Equity Group enfatiza que o novo ciclo não será definido por crescimento acelerado, mas por posicionamento estratégico e eficiência. “Empresas bem estruturadas e com gestão responsável vão capturar valor no médio prazo, enquanto as que insistirem em modelos frágeis podem ficar para trás. É um ano para consolidar cultura, reforçar processos e garantir que cada decisão esteja alinhada à sustentabilidade financeira de longo prazo”, conclui.