A conversa entre Lula e Donald Trump abriu uma janela para novas negociações comerciais entre Brasil e EUA. Segundo o economista Igor Lucena, o gesto tem valor diplomático e pode destravar pautas tarifárias relevantes para exportadores brasileiros que perderam espaço no mercado norte-americano.
Além disso, a sinalização de diálogo cria expectativas no setor produtivo por maior previsibilidade. Nesse sentido, empresários veem chance de recompor competitividade por meio de acordos específicos. Por outro lado, a efetividade dependerá de propostas técnicas e de execução rápida para traduzir a retórica em resultados mensuráveis.
O que muda com a retomada do diálogo?
Na avaliação de Igor Lucena, a reabertura do canal presidencial reorganiza a agenda bilateral com foco na economia. Enquanto isso, o empresariado pressiona por redução de barreiras em segmentos sensíveis como alimentos, energia e manufaturas. Por outro lado, a interlocução americana prioriza ganhos concretos de produtividade e segurança das cadeias de suprimento.
Nesse sentido, a expectativa brasileira deve se apoiar em metas objetivas, prazos realistas e monitoramento de resultados. O histórico recente indica que os Estados Unidos tendem a firmar acordos com forte viés pró-eficiência. Portanto, propostas brasileiras precisam equilibrar competitividade, conformidade regulatória e previsibilidade jurídica.
Quais os riscos para os exportadores brasileiros?
Lucena alerta para a estratégia de friend shoring, isto é, a exportação por rotas alternativas via México, Paraguai ou Uruguai. A prática pode mitigar perdas no curto prazo, mas não é sustentável. Além disso, cria incentivos para que concorrentes ocupem de forma definitiva prateleiras e contratos nos Estados Unidos, elevando a barreira de retorno para os brasileiros.
Por outro lado, o tempo joga contra. Enquanto o Brasil negocia, fornecedores de outros países consolidam relações comerciais, ampliam certificações e ganham escala. Nesse contexto, a demora em ajustar preços, adequar especificações técnicas e reforçar garantias logísticas pode reduzir ainda mais a participação brasileira no mercado americano.
Como o mercado brasileiro pode se preparar?
Para manter relevância, empresas brasileiras precisam combinar eficiência operacional com posicionamento comercial. Além disso, a leitura fina das mudanças regulatórias nos Estados Unidos ajuda a antecipar exigências sanitárias, ambientais e de rastreabilidade. Abaixo, algumas frentes práticas de preparação:
- Ajuste de preços com gestão de custos, ganhos de produtividade e contratos de longo prazo que reduzam volatilidade.
- Investimento em marketing para diferenciar qualidade, origem e sustentabilidade dos produtos brasileiros.
- Parcerias estratégicas com distribuidores e varejistas locais para acelerar acesso e ampliar capilaridade.
- Compliance e certificações para encurtar ciclos de aprovação e reduzir riscos de não conformidade.
- Planejamento logístico com alternativas de porto, seguros e backup de transporte para garantir entregas.
O que esperar da mesa de negociação?
Segundo Igor Lucena, o foco americano é estritamente econômico. Nesse sentido, a pauta deve priorizar ganhos de eficiência, previsibilidade de suprimento e redução de riscos. Por outro lado, temas políticos tendem a ficar fora do escopo, o que exige do Brasil pragmatismo, dados de custo e compromissos verificáveis.
Além disso, o Brasil precisa demonstrar capacidade de entrega em prazos curtos. A combinação de propostas setoriais com metas de volume, prêmios de confiabilidade e padronização técnica pode acelerar a tomada de decisão. Enquanto isso, o reforço da segurança jurídica interna fortalece a percepção de risco e melhora a posição de barganha.
A negociação chega a tempo de preservar mercado?
O sucesso dependerá da velocidade com que exportadores e governo transformam o diálogo em contratos. Por outro lado, atrasos prolongam perdas de participação e elevam custos de reentrada. Nesse sentido, iniciativas-piloto em setores com alta elasticidade de demanda e logística consolidada podem servir como prova de conceito para reduções tarifárias seletivas.
Se houver avanços, o Brasil pode recompor parte do espaço no varejo e na indústria americana. Enquanto isso, a continuidade do friend shoring como solução permanente tende a enfraquecer o posicionamento nacional, mesmo que preserve volumes no curto prazo.
Conclusão: cooperação, execução e métricas
A conversa entre Lula e Trump sinaliza reaproximação e cria um ambiente mais favorável às negociações Brasil e Estados Unidos. Além disso, a análise de Igor Lucena indica que o caminho é pragmático: propostas técnicas, metas claras e prazos definidos. Por outro lado, a manutenção da competitividade exigirá investimento contínuo em eficiência, certificações e relacionamento com o mercado americano.
Em um cenário global competitivo, transformar boa vontade em acordos exigirá cooperação público-privada, disciplina de execução e métricas de desempenho. Nesse sentido, empresas que se anteciparem às exigências regulatórias e garantirem previsibilidade logística estarão melhor posicionadas para capturar as oportunidades que podem surgir desse novo ciclo de diálogo.
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