O economista chefe da Austin Rating, Alex Agostini, fez uma análise crítica sobre a proposta do governo de reduzir a jornada de trabalho para o modelo 6×1. Segundo ele, a medida, embora tenha apelo político, pode resultar em uma perda de 1,2 milhão de empregos e reduzir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). A ausência de planejamento e de políticas que garantam produtividade agrava o cenário econômico.
Agostini destaca que, sem uma estratégia clara, o país corre o risco de entrar em um ciclo de baixa eficiência e estagnação. Além disso, a combinação de medidas populistas e expansão fiscal sem controle pode comprometer ainda mais o ambiente de negócios e desestimular o investimento privado, prejudicando a geração de empregos e o crescimento.
Qual é a relevância do planejamento fiscal?
Um dos principais pontos destacados por Agostini é a importância de um planejamento fiscal que equilibre responsabilidade e produtividade. O foco atual do governo, segundo ele, está voltado para a arrecadação e a manutenção de programas sociais, sem considerar a modernização do mercado de trabalho e o incentivo à eficiência. “O governo deve se dedicar a um planejamento que leve em conta produtividade e sustentabilidade no longo prazo”, afirma.
Além disso, ele alerta que a ausência de uma estratégia de longo prazo pode gerar inflação persistente e juros altos, reduzindo o poder de compra das famílias. Nesse sentido, a política fiscal precisa ser desenhada para estimular o investimento e evitar o desequilíbrio das contas públicas, condição essencial para o crescimento sustentado.
Como a redução de jornada afeta setores essenciais?
De acordo com o economista, a proposta de reduzir a jornada sem contrapartidas adequadas traz riscos para setores fundamentais da economia, como saúde, logística e comércio. “O problema não é apenas a jornada, mas a falta de qualificação profissional e de compensações em produtividade”, explica. A implementação de uma nova escala de trabalho sem ajustes estruturais pode resultar em custos maiores e menor eficiência operacional.
Por outro lado, empresas que já operam sob pressão financeira podem ter dificuldades para se adequar às novas normas. Nesse sentido, Agostini afirma que as mudanças precisam considerar a realidade de cada setor, garantindo condições que não prejudiquem a geração de empregos. Os impactos negativos seriam mais severos nos segmentos que dependem de alta rotatividade e longas jornadas para manter a operação ativa.
Quais são os riscos de medidas populistas?
Agostini aponta que medidas de caráter populista, como a expansão fiscal e a redução da jornada sem planejamento, costumam ter efeitos negativos sobre a produtividade e a confiança dos investidores. “Essa abordagem mantém a economia limitada em seu crescimento e aumenta a vulnerabilidade fiscal”, analisa. Sem contrapartidas efetivas, políticas desse tipo tendem a gerar desequilíbrios que se refletem em menor geração de renda e aumento do desemprego.
Além disso, a combinação de gastos públicos elevados e políticas de estímulo ineficientes pode levar o país a enfrentar inflação mais alta e retração na atividade econômica. A política de emprego e produtividade precisa estar alinhada à responsabilidade fiscal para garantir crescimento equilibrado e sustentável no longo prazo.
O que esperar do futuro econômico do Brasil?
O cenário futuro dependerá da capacidade do governo de equilibrar política social e crescimento produtivo. Agostini sugere que é preciso adotar políticas que incentivem o aumento da produtividade e a qualificação da força de trabalho, ao invés de medidas de curto prazo com foco apenas em popularidade. Nesse sentido, o país precisa rever suas prioridades e alinhar as políticas fiscal e trabalhista com o objetivo de crescimento sustentável.
Enquanto isso, empresas e investidores observam com cautela as novas propostas. O desafio será manter a estabilidade fiscal e, ao mesmo tempo, criar condições para a expansão do emprego e da renda. Sem um plano coerente, o Brasil pode enfrentar um cenário de baixo crescimento, inflação elevada e maior desemprego, comprometendo sua competitividade global.
- A redução da jornada de trabalho pode gerar perda de 1,2 milhão de empregos.
- Impacto estimado inclui retração no PIB e aumento da informalidade.
- Setores como saúde, comércio e logística seriam os mais afetados.
- Planejamento fiscal e qualificação profissional são fatores essenciais para conter os riscos.
Em conclusão, as propostas de redução da jornada e de expansão fiscal devem ser avaliadas com cautela. É necessário considerar não apenas o impacto político e social, mas também as implicações econômicas de longo prazo. Medidas que priorizem produtividade e responsabilidade fiscal são fundamentais para preservar empregos, impulsionar o PIB e garantir um crescimento sólido para o Brasil.
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