O Ibovespa encerrou a sessão desta segunda-feira (06) em queda de 0,41%, aos 143.608 pontos, em um pregão marcado pela cautela internacional diante do risco de shutdown nos Estados Unidos. Ao longo do dia, o índice chegou à máxima de 144.531 pontos e à mínima de 143.375 pontos, movimentando R$ 17,5 bilhões em volume financeiro.
No câmbio, o dólar comercial recuou 0,47%, a R$ 5,311, enquanto os juros futuros caíram em toda a curva, em sintonia com um dia de alívio nos mercados locais e ausência de novos ruídos fiscais. A leitura mais amena do Boletim Focus e a conversa entre Lula e Donald Trump também contribuíram para atenuar o pessimismo inicial.
Conversa entre Lula e Trump acalma o mercado?
Para Fábio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da FBNF (Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças), o desempenho negativo do índice refletiu uma postura ainda prudente dos investidores diante das incertezas externas, mas foi suavizado pelo noticiário político positivo.
“O Ibovespa está em leve queda com investidores ainda preocupados com o cenário de shutdown nos EUA. A conversa entre Trump e Lula, sem dúvida, colaborou para a redução das perdas, já que, pelo que foi noticiado, eles tiveram uma conversa positiva, com possibilidade de novas negociações em relação ao fim do tarifaço. Isso pode melhorar bastante os ânimos por aqui”, avaliou Louzada.
Segundo o economista, o simples fato de o diálogo ter ocorrido já representa “um sinal bem positivo, já que até pouco tempo não havia nenhum sinal de conversa entre eles”. Ele também destacou a expectativa do mercado para um possível encontro presencial entre os dois líderes no fim do mês, o que poderia abrir espaço para avanços concretos nas tarifas bilaterais.
Boletim Focus e alívio nos juros e no câmbio
O Boletim Focus divulgado nesta segunda trouxe leve melhora nas projeções macroeconômicas: a estimativa de IPCA de 2025 caiu de 4,81% para 4,80%, enquanto a previsão para o dólar passou de R$ 5,48 para R$ 5,45. Esse movimento reforçou o tom de tranquilidade nos mercados, ajudando a sustentar o recuo dos juros e do câmbio.
“O dólar e os juros futuros caem no dia de hoje, que não traz nenhuma notícia negativa de peso que estresse os mercados. Ajuda também na queda do dólar a conversa amistosa entre Lula e Trump, que reacendeu a possibilidade de negociações em relação ao tarifaço”, completou Louzada, lembrando ainda que o vice-presidente Geraldo Alckmin comentou que “a conversa foi melhor do que esperavam”.
Maiores altas e baixas do dia
Entre as quedas do Ibovespa, o destaque foi Ambipar (AMBP3), cujas ações despencaram após a empresa prestar informações à Justiça em decisão que impede bancos credores de tomar medidas que prejudiquem suas operações. Além disso, a notícia de um possível encontro do ex-CFO da companhia com a CVM aumentou a pressão sobre o papel.
Porto (PSSA3) também esteve entre as principais quedas, após o Citi rebaixar a recomendação da ação de “compra” para “neutra”, reduzindo o preço-alvo de R$ 58 para R$ 50.
Na ponta oposta, Embraer (EMBR3) se destacou entre as maiores altas do dia, subindo após anunciar a venda de quatro aeronaves C-390 para a Suécia. Já Vale (VALE3) avançou 1,71% após comunicar a recompra de até R$ 16 bilhões em títulos perpétuos, movimento que ajudou a conter perdas maiores do índice.
Perspectivas: foco na agenda externa e no fiscal
Para os próximos dias, o mercado deve seguir atento aos desdobramentos da política fiscal nos EUA e a novos dados econômicos domésticos. Além disso, declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, sobre o compromisso com juros restritivos até 2028 mantêm o ambiente de expectativa sobre o ritmo de cortes da Selic.
No campo técnico, o suporte imediato do índice permanece próximo dos 143 mil pontos, enquanto a resistência mais próxima está na faixa dos 144,5 mil pontos. “O mercado ainda tenta encontrar direção, mas qualquer notícia positiva sobre o tarifaço pode ser o gatilho para uma recuperação mais consistente”, avaliou Louzada.