O mercado de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) já movimenta R$ 630 bilhões em patrimônio líquido nos últimos 12 meses, consolidando-se como um dos motores de crédito no Brasil. Mesmo com a Selic mantida em 15%, a originação nacional via FIDCs somou bilhões de reais em 2025, garantindo liquidez a empresas de diferentes portes em meio ao crédito bancário restrito. Um levantamento inédito revela o mapa regional desse mercado: Sudeste concentra 75,9% das operações, seguido pelo Sul (10,5%). O destaque é o Nordeste, com 8,3%, superando o Norte (2,8%) e o Centro-Oeste (2,4%). O dado evidencia como o avanço nordestino quebra a lógica de concentração nos grandes centros financeiros.
Na prática, os números da própria operação do Grupo IOX confirmam a tendência: a originação acumulada em 12 meses chegou a R$ 5,6 bilhões. A gestora figura entre os dez maiores FIDCs diversificados do país em ranking divulgado em agosto. “O crédito estruturado deixou de ser um mecanismo restrito aos grandes centros financeiros. Hoje, pequenas e médias empresas em diversas regiões enxergam no FIDC uma solução para manter o fluxo de caixa e crescer sem depender exclusivamente dos bancos. Isso é saudável para o mercado e cria uma dinâmica mais equilibrada de acesso ao capital”, avalia a companhia.
Nordeste ganha protagonismo
O dinamismo da região Nordeste ajuda a explicar a expansão. Nos últimos meses, o volume financeiro movimentado cresceu 7,9%, saltando de R$ 683,6 bilhões para R$ 737,8 bilhões. Além disso, mais de 610 mil pequenas empresas foram abertas, o que representa 15,6% de todos os novos pequenos negócios do país. O Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) também prevê aporte de R$ 47,3 bilhões, dos quais cerca de 12% devem irrigar diretamente o setor industrial.
Esses indicadores reforçam que o Nordeste vem se consolidando como o maior polo de crédito estruturado fora do eixo Sul-Sudeste, criando oportunidades tanto para empresas quanto para investidores. Para as companhias locais, significa acesso a liquidez em condições mais competitivas e, em muitos casos, com benefícios fiscais. Para investidores, representa uma diversificação regional que ajuda a mitigar riscos e acessar retornos consistentes.
Próximo ciclo de crescimento
Segundo Ionescu, o avanço ainda está em estágio inicial. “O próximo ciclo de crescimento do crédito estruturado no Brasil vai depender da capacidade de integrar tecnologia, governança e capilaridade regional. O Nordeste é um exemplo de como isso já está acontecendo”, conclui. O movimento aponta para uma nova geografia do crédito no país, em que a desconcentração regional pode se tornar vetor estratégico para a expansão dos FIDCs.