A proposta do governo Lula de isentar o imposto de renda para milhões de brasileiros levanta dúvidas sobre os impactos macroeconômicos. Especialistas avaliam que a medida pode ampliar o consumo em um momento em que o país enfrenta inflação elevada e juros altos.
Em entrevista à BM&C News, o economista VanDyck Silveira destacou que a isenção, apresentada como justiça fiscal, pode criar um viés inflacionário. Segundo ele, a iniciativa tende a beneficiar não apenas os mais ricos, mas também parte da classe média, aumentando a pressão sobre os preços.
Qual é o efeito do aumento do consumo?
Com a isenção do imposto de renda, milhões de brasileiros terão maior poder de compra. Esse acréscimo de renda disponível tende a impulsionar gastos em um cenário já marcado por inflação persistente. “Esse aumento de consumo pode pressionar ainda mais os preços, dificultando a queda da taxa de juros“, afirmou Silveira.
Além disso, em um ambiente de endividamento elevado, a expansão do consumo pode reduzir a confiança do consumidor caso os preços avancem mais rapidamente. Nesse sentido, o risco é que a medida acabe neutralizando seu potencial estímulo econômico.
A falta de reforma tributária agrava o quadro?
Para VanDyck Silveira, a proposta de isenção é apenas um paliativo. “A ausência de uma reforma tributária completa gera distorções no mercado e aumenta a desigualdade“, destacou. O economista considera que a medida atual é um “travestimento de justiça fiscal“, já que não resolve os problemas estruturais da carga tributária no Brasil.
Nesse contexto, medidas pontuais, sem mudanças abrangentes no sistema tributário, podem intensificar as fragilidades fiscais do país, dificultando o crescimento sustentável da economia.
Qual é o cenário macroeconômico atual?
O Brasil vive um momento delicado, marcado por juros elevados e inflação acima da meta. A política fiscal busca estimular o crescimento, mas enfrenta limitações. “Precisamos de uma abordagem que considere a totalidade do sistema tributário e suas implicações sobre a economia“, reforçou Silveira.
Por outro lado, o aumento da renda disponível pode contribuir para o consumo em setores específicos, mas o risco de um viés inflacionário permanece alto. O desafio das autoridades monetárias será equilibrar estímulos com a necessidade de controlar preços.
Como os investidores devem reagir?
Diante de um cenário de incertezas, investidores precisam avaliar estratégias que levem em conta a inflação persistente e a manutenção de juros elevados. Diversificação de portfólio e alocação em ativos que se beneficiem do consumo podem ser alternativas para reduzir riscos.
- Acompanhar de perto mudanças na política fiscal
- Observar setores ligados ao consumo interno
- Considerar ativos de renda fixa diante dos juros altos
- Manter exposição internacional como proteção
Enquanto isso, o debate sobre a isenção do imposto de renda segue como parte de um contexto maior: a necessidade de uma reforma tributária ampla que equilibre arrecadação, consumo e crescimento econômico.
Conclusão
A isenção do imposto de renda pode parecer uma vitória para a classe média e para o discurso de justiça fiscal, mas também carrega riscos relevantes. O aumento do consumo em um cenário de inflação alta pode reforçar o ciclo de juros elevados, retardando a retomada do crescimento econômico. Sem uma reforma estrutural, o Brasil permanece exposto a distorções fiscais que comprometem sua estabilidade de longo prazo.
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