O Ibovespa registrou queda de 0,49% nesta quarta-feira (01), fechando aos 145.517,35 pontos, uma perda de 719,67 pontos em relação à abertura. O resultado refletiu a cautela dos investidores diante do impasse político nos Estados Unidos e das discussões fiscais no Brasil.
Segundo analistas, o dia foi marcado por movimentos de realização de lucros após meses de valorização do índice. Além disso, o risco fiscal doméstico e o ambiente externo de maior incerteza reforçaram a pressão negativa sobre setores como bancos e varejo, enquanto Vale e Braskem ajudaram a limitar as perdas.
O que explica o tom de cautela nos mercados?
De acordo com Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital, o cenário internacional foi determinante para o pessimismo. “Primeiro, em relação ao cenário internacional, temos um dia de maior incerteza e cautela. Na sexta-feira, teríamos a divulgação de um dado importante, que é o payroll, e que agora não deve sair em função da paralisação nos EUA. Então, sem dúvidas, é um dia de incerteza nos mercados”, afirmou.
No âmbito doméstico, Bolzan destacou a votação do projeto de isenção do imposto de renda até R$ 5 mil. “O projeto vai passar, na minha visão. A dúvida é se vai ficar no zero a zero ou se eventualmente não terá uma compensação necessária. Então, sem dúvidas, o risco fiscal fica no pano de fundo”, avaliou.
Quais setores mais sentiram os impactos?
O pregão foi negativo para bancos e empresas de varejo. “Nesse cenário de incerteza quanto lá fora como aqui, vimos os bancos e varejistas caindo em movimento de realização. Isso explica as quedas de ações de empresas como C&A, Natura, Magazine Luiza, Bradesco e Itaú. Juros futuros e dólar sobem em dia de realização e por conta de toda essa apreensão em relação ao shutdown”, explicou Bolzan.
- Itaú (ITUB4): -1,81%
- Bradesco (BBDC4): -1,70%
- Santander (SANB11): -1,53%
- Banco do Brasil (BBAS3): -0,72%
No varejo, ações como Natura e Magazine Luiza também fecharam em baixa, refletindo o cenário de maior aversão ao risco.
Vale e Braskem puxaram altas no pregão
Por outro lado, alguns papéis ajudaram a suavizar a queda do índice. “Vale vem subindo muito por conta de o presidente da companhia ter falado que a empresa voltará a ser a maior produtora de minério de ferro, posto que havia perdido há alguns anos, e isso trouxe maior fôlego para o papel. Braskem sobe com o Cade dando sinal verde para possível compra da empresa pelo Nelson Tanure. Isso deu ânimo para o papel também”, comentou Bolzan.
- Vale (VALE3): +1,27%
- Braskem (BRKM5): +4,57%
- GPA (PCAR3): +5,28%
- Gerdau (GGBR4): +2,11%
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4): +2,42%
Dólar, ouro e perspectivas para os próximos meses
No câmbio, o dólar comercial encerrou o dia com leve alta de 0,11%, cotado a R$ 5,329. Segundo Bolzan, a busca por ativos de proteção foi destaque. “Nesse momento de dúvida maior, temos a procura por investimentos mais seguros como o ouro, que vem batendo máximas históricas. É normal que o investidor saia de ativos de risco e que o dólar esteja em alta devido ao maior estresse”, explicou.
Ele lembrou ainda que, no início do ano, a moeda superava R$ 6,00. “No curto prazo, acredito que pode se desvalorizar mais. Mas ano que vem, temos eleições, momento de maior incerteza e volatilidade. Trabalhamos com expectativa de maiores oscilações, sem dúvida. Mas para os próximos meses, acredito que podemos ver o dólar próximo de R$ 5,35”, projetou.