A taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,6% no trimestre móvel encerrado em agosto de 2025, repetindo o menor nível da série histórica iniciada em 2012, segundo dados do IBGE. O número representa queda de 1,0 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2024, quando estava em 6,6%, e de 0,6 ponto percentual frente ao trimestre anterior. Apesar do resultado positivo, economistas apontam que o mercado de trabalho pode estar entrando em uma fase de desaceleração.

De acordo com o IBGE, a população desocupada somou 6,084 milhões de pessoas, o menor contingente já registrado. O total de ocupados chegou a 102,4 milhões, com destaque para o crescimento do emprego formal e do trabalho por conta própria. O rendimento real médio avançou para R$ 3.488 e a massa de rendimentos atingiu R$ 352,6 bilhões, ambos em máximas históricas. Esses fatores têm sustentado a renda e o consumo mesmo em um cenário de juros elevados.
O que dizem os especialistas sobre o desemprego?
Para Rafael Perez, economista da Suno Research, os números apontam para um mercado de trabalho sólido. Ele destaca que os empregos formais com carteira assinada se mantêm em 39,1 milhões, enquanto o setor privado alcançou recorde de 52,6 milhões de trabalhadores. “O mercado de trabalho continua sólido, com recordes em diversas frentes, embora alguns indicadores já mostrem sinais iniciais de moderação“, afirmou.
Perez ressalta que o avanço do emprego formal, do setor público e do trabalho por conta própria, que juntos já somam quase 1,84 milhão de vagas criadas em 2025, foi fundamental para impulsionar a renda. No entanto, chama a atenção para o dado do Caged em agosto, que mostrou a menor geração líquida de vagas formais para o mês desde 2020. “Esses números sinalizam uma perda de fôlego, já refletindo os efeitos defasados da política monetária. Por isso, vemos espaço cada vez menor para novas quedas da taxa de desemprego“, avaliou.
Mercado de trabalho começa a perder dinamismo?
Na visão de Maykon Douglas, o mercado de trabalho mostra fragilidades. Ele aponta que, na série ajustada sazonalmente, a taxa de desemprego subiu pela primeira vez em agosto, de 5,7% para 5,76%, interrompendo cinco meses consecutivos de queda. “O mês de agosto não foi muito bom para o emprego. O Caged mostrou uma geração líquida de postos abaixo do esperado e uma queda na média móvel de três meses“, explicou.
Douglas também destacou que a massa salarial real cresce a um ritmo anual de cerca de 5%, o que é um ritmo alto. “Isso mostra que o mercado de trabalho continua apertado, e a desaceleração esperada para o resto do ano deve ser relativamente lenta“, destacou o economista.
Quais são os desafios para os próximos meses?
Embora o Brasil viva um momento de rara combinação de desemprego em mínima histórica, salários em alta e formalização elevada, os especialistas concordam que a continuidade desse quadro dependerá do comportamento da economia. A desaceleração do crescimento já se reflete nos dados do Caged e pode limitar novos avanços.
Nesse sentido, Perez acredita que a taxa de desemprego deve se estabilizar próxima aos atuais 5,6% até o final do ano. “O mercado de trabalho seguirá como um pilar central de sustentação do consumo e da renda neste e no próximo ano“, disse o economista da Suno Research.
Douglas, por outro lado, reforça que o Banco Central deve adotar postura cautelosa. “Até que a perda de dinamismo se traduza em preços mais comportados, leva tempo. Portanto, o Banco Central deve manter cautela“, afirmou.