As notícias políticas, nessa semana, parecem ser desalentadoras para os eleitores de direita (e mesmo os de centro que migraram para a oposição). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está com o ânimo revigorado depois que o presidente Donald Trump abriu a possibilidade de um diálogo entre os dois, depois de meses de desavenças. Muitos analistas políticos, também nos últimos dias, afirmaram que o governador Tarcísio de Freitas, o candidato preferido do eleitorado antipetista, está desanimado com a possibilidade de concorrer ao Planalto em 2026 – especialmente com a insistência de Eduardo Bolsonaro em entrar na disputa e as recentes declarações da ex-primeira-dama Michelle cogitando a mesma hipótese.
É uma tempestade perfeita para a oposição e uma total reviravolta daquilo que estava ocorrendo no primeiro semestre do ano, quando a desaprovação de Lula somente crescia sem trégua. No entanto, as movimentações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, que culminaram com as sanções econômicas impostas pela Casa Branca ao Brasil, acabaram por virar esse jogo. Lula ganhou uma bandeira para si e endureceu o discurso contra os americanos. E, agora, com a sinalização de Trump para uma conversa, o presidente brasileiro pode recolher louros da estratégia iniciada no mês de julho.
A insistência de Eduardo Bolsonaro em não aceitar a candidatura de Tarcísio conflita com a postura de seu irmão, o senador Flávio, que tenta botar panos quentes na situação. Ainda ontem, o site Metrópoles soltou uma nota que dizia ser certo o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro à candidatura de Tarcísio.
Flávio negou que isso tivesse ocorrido, mas ressaltou em sua conta na plataforma X: “Aviso aos navegantes que Tarcísio, além de amigo, é uma pessoa preparadíssima, competente e não precisa ficar provando nada a ninguém toda hora, em especial sobre sua lealdade a Bolsonaro. Não conseguirão separá-lo de Bolsonaro e tenham a convicção de que estaremos juntos em 2026, para desespero da extrema-esquerda, que deve morrer de inveja de não ter um Tarcísio em seus quadros. Estamos juntos, Tarcisão!”, afirmou.
A adoção de um nome alternativo a Bolsonaro é inevitável, não apenas por conta de sua inelegibilidade. Isso pode ser visto no resultado da pesquisa Quaest divulgada na semana passada: 76% dos brasileiros acham que Bolsonaro deveria abandonar a corrida presidencial e apoiar outro nome. É um salto relevante em relação à pesquisa anterior, que marcava 65%. Trata-se, portanto, de um desgaste evidente. O apoio à candidatura de Bolsonaro, mostra o estudo, caiu para 19%, contra 26% anteriormente. Isso mostra que o eleitor está cada vez mais cético quanto à viabilidade eleitoral do ex-presidente. Mesmo dentro do campo bolsonarista, há rachaduras. Quase metade (46%) dos seus próprios apoiadores prefere que ele não dispute. Entre os eleitores de direita que não se alinham diretamente a Bolsonaro, o número sobe para 74%.
Portanto, o ex-presidente precisa agir rápido. Se abrir mão agora, pode reposicionar o tabuleiro de acordo com sua vontade. Se protelar o inevitável, deixará de ser o condutor do processo e virará um passageiro de luxo, comprometendo o desempenho da direita como um todo. A pesquisa Quaest, neste contexto, é importantíssima. A enquete mostra que o eleitor já tem uma opinião formada sobre o que Bolsonaro deve fazer. Agora, cabe a ele entender o momento — e decidir se quer ser parte da solução ou do problema.