O mercado financeiro brasileiro começou esta sexta-feira (26) sem grandes oscilações, em linha com o cenário internacional. O dado mais aguardado do dia é o índice PCE, principal indicador de inflação observado pelo Federal Reserve, que deve nortear os próximos passos da política monetária norte-americana. Até a divulgação, as bolsas operam de forma mais contida, segundo análise de Marco Saravalle, CIO da MSX Invest.
No entanto, no campo corporativo, o dia já trouxe anúncios relevantes que prometem influenciar o desempenho de ações específicas. Entre eles, o fim das negociações de fusão entre Gol e Azul, a elevação do rating do Banco Pine, além de novos programas de recompra e dividendos em companhias de diferentes setores.
No radar do mercado: o que explica a desistência da fusão entre Gol e Azul?
A Abra Group, controladora da Gol, comunicou oficialmente o encerramento das tratativas de fusão com a Azul. O motivo, segundo a companhia, foi a ausência de avanços concretos, já que a rival segue concentrada no processo de Chapter 11 nos Estados Unidos. Além disso, a Gol notificou a Azul para rescindir os acordos de codeshare assinados em 2024.
De acordo com Marco Saravalle, a notícia deve aumentar a volatilidade das ações do setor aéreo no pregão. “Essa possível fusão traria sinergias relevantes, especialmente para a Azul, que enfrenta mais desafios. Sem esse movimento, as companhias terão de buscar novas alternativas para melhorar eficiência e competitividade”, avaliou.
Quais destaques corporativos chamam atenção no mercado?
Entre os anúncios positivos, o Banco Pine (PINE4) teve o rating elevado pela S&P, passando de ‘brA’ para ‘brA+’. A agência destacou a expansão do crédito colateralizado e consignado privado, além da baixa inadimplência. Para Saravalle, o movimento é um catalisador importante: “A melhora do rating ajuda a reduzir custo de captação e reforça o crescimento consistente da instituição.”
A Allos (ALOS3), maior operadora de shoppings do país, teve seu rating reafirmado em ‘AAA(bra)’ pela Fitch, com perspectiva estável. A agência apontou portfólio diversificado, alta taxa de ocupação e geração de caixa robusta. Já o Santander Brasil (SANB11) anunciou um novo programa de recompra de até 37,4 milhões de units, equivalente a cerca de 1% do capital social, em até 18 meses. “Recompras sinalizam confiança da gestão e tendem a sustentar o valor das units”, destacou Saravalle.
Dividendos e criptoativos também movimentam o dia
No setor de construção, a Cury (CURY3) aprovou dividendos intermediários de R$ 200 milhões, equivalente a R$ 0,685 por ação, com pagamento em 7 de outubro. Segundo Saravalle, a decisão reforça a reputação da empresa como forte pagadora de dividendos, atraindo investidores de perfil voltado à renda.
Na B3 (B3SA3), o destaque veio do mercado de criptoativos. O futuro de Solana (SOL) movimentou R$ 1 bilhão em um único dia, representando 26% do volume do futuro de Bitcoin. Para Saravalle, o resultado mostra a crescente institucionalização dos criptoativos no Brasil e fortalece a relevância da bolsa no segmento digital.
Como ficam Syn e Vamos nesse cenário?
A Syn (SYNE3) informou ter recebido R$ 4,7 milhões referentes à quinta tranche da venda de participação no empreendimento Brasilio Machado. A última parcela, de R$ 4,1 milhões, será quitada em novembro de 2025. Embora de menor impacto financeiro, a operação segue a estratégia de desalavancagem e rotação de portfólio da companhia.
Já a Vamos (VAMO3) precificou a emissão de US$ 300 milhões em notes no exterior, com taxa de 9,25% ao ano e vencimento em 2031. O objetivo é alongar o perfil da dívida e diversificar fontes de financiamento. “Apesar da taxa elevada, a operação fortalece a estrutura de capital e reduz riscos de curto prazo”, comentou Saravalle.
E o que esperar do mercado de commodities?
Enquanto isso, o minério de ferro voltou a trazer volatilidade. A cotação na China recuou 1,74%, para US$ 110,74 por tonelada. O movimento pode pressionar as ações da Vale no pregão de hoje. “Sempre que há oscilações acima de 1% no minério, devemos esperar reflexos diretos sobre a Vale”, alertou Saravalle.
Assim, a sexta-feira combina um mercado internacional mais cauteloso, à espera de dados do FED, com movimentações relevantes em companhias brasileiras. O quadro reforça a necessidade de seletividade e atenção redobrada dos investidores diante de um ambiente que mistura notícias corporativas de peso com volatilidade no segmento de commodities.